Fundo Nacional Judaico disponibiliza US$1 milhão a jovens colonos radicalizados

O Fundo Nacional Judaica (FNJ) destinou quatro milhões de shekels (US$1 milhão) nos últimos dois anos a um projeto de apoio a jovens colonos israelenses que deixaram de estudar para residir em postos avançados ilegais na Cisjordânia ocupada. Os recursos, originalmente destinados à formação profissional e ao desenvolvimento de habilidades, foram redirecionados a associações que promovem o estabelecimento dos assentamentos ilegais. Dentre as organizações beneficiadas, está o grupo extremista conhecido como Retorno de Sião a sua Terra, que recebeu meio milhão de shekels e espera obter outro 1.75 milhão de shekels ainda este ano. Conforme o direito internacional, tanto os assentamentos quanto os postos avançados nos territórios palestinos ocupados são ilegais. Israel, contudo, distingue ambos, à medida que ministros e colonos pedem a “legalização” dos postos avançados. Apesar de um pedido por transparência do jornal Haaretz sobre fazendas associadas à entidade extremista, o FNJ se recusou a fornecer detalhes. Todavia, postagens nas redes sociais mostram o recrutamento de voluntários para atividades em um assentamento chamado “Fazenda de Moshe”. LEIA: Fundo Nacional Judaico: Entidade cúmplice da limpeza étnica Com a ajuda do advogado de direitos humanos Eitay Mack, ativistas enviaram uma carta em dezembro à União Europeia, pedindo sanções contra Moshe Sharvit, proprietário do lote, ao denunciar ataques violentos contra palestinos na região. A denúncia detalhou táticas adotadas por Moshe e seu grupo, incluindo jogar pedras contra pessoas e seus animais, atropelar rebanhos e colheitas, incitar cães a atacar os palestinos e mesmo agredir animais de criação com porretes e chicotes. O Haaretz confirmou também que a organização israelense Artzenu deu início a outras ações agrícolas com suporte do FNJ, beneficiando grupos de colonos extremistas conhecidos como “Jovens do Topo da Colina”, que recebem apoio do governo israelense. A Artzenu incentiva colonos a trabalharem em fazendas ilegais, com “o objetivo de proteger milhares de acres de terras estatais contra a invasão de pessoas não autorizadas”, isto é, os palestinos nativos, segundo o site oficial da entidade. LEIA: Israel prendeu 135 mil palestinos nos últimos 23 anos Ao longo da última década, fazendas israelenses instaladas em reservas naturais ou terras privadas palestinas evoluíram para o tipo mais prevalente e agressivo de postos avançados ilegais na Cisjordânia ocupada. Dados divulgados em agosto pela ong israelense Peace Now revelaram que o atual governo de extrema-direita de Israel superou recordes históricos na aprovação de obras coloniais na Cisjordânia e na “legalização” de postos avançados ilegais. A ong reiterou que, nos primeiros sete meses deste ano, um número maior de postos avançados recebeu status legal do que em todos os anos anteriores. Em junho, autoridades ocupantes anunciaram sua intenção de acelerar a aprovação de novos assentamentos, ao outorgar ao ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, maiores poderes sobre os territórios ocupados. O FNJ alegou ao Haaretz: “Este projeto opera em áreas sociais e geográficas periféricas e em fazendas de todo o país. O programa oferece às crianças a oportunidade de regressar a uma vida significativa e se reintegrar em estruturas convencionais”. “Este projeto faz parte de nossos programas educacionais destinados a jovens considerados ‘desistentes’ ou em risco de evasão”, acrescentou. “Os jovens adquirem habilidades básicas para a vida e o trabalho, e são incentivados a servir no exército ou em um serviço nacional”. Estima-se que cerca de 700 mil colonos ilegais vivam em 164 assentamentos e 116 postos avançados na Cisjordânia ocupada. A Organização das Nações Unidas (ONU) reafirma que todas as atividades coloniais de Israel são ilegais. LEIA: Israel destrói principal rede de abastecimento de água a aldeia na Cisjordânia