1 Ano dos Atos Terroristas

Atos golpistas de 8 de janeiro completam um ano com 66 presos e 25 condenados

STF afirma que democracia brasileira saiu fortalecida do episódio

Brasilia DF 08 01 2023 ATAQUE DE GOLPISTA A SEDE DOS PODERES DEM BRASILIA FOTO JOEDSON ALVES AG BRASIL
Brasilia DF 08 01 2023 ATAQUE DE GOLPISTA A SEDE DOS PODERES DEM BRASILIA FOTO JOEDSON ALVES AG BRASIL

Um ano após os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, 66 investigados continuam presos e 25 réus foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

As investigações apontam que a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes foram coordenadas por grupos extremistas e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O que você precisa saber:

  • Um ano após os atos golpistas, 66 investigados continuam presos e 25 réus foram condenados pelo STF.
  • A invasão e depredação das sedes dos Três Poderes foram coordenadas por grupos extremistas e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
  • O prejuízo causado pela depredação chega a R$ 12 milhões.
  • Nesta segunda-feira, ocorre um ato em defesa da Democracia no Salão Negro do Congresso Nacional.

De acordo com dados levantados pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações, dos mais de 2 mil detidos durante a invasão, 66 investigados continuam presos pela incitação, financiamento e execução dos atos. Os demais investigados foram soltos e tiveram a prisão substituída por medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de sair do país, suspensão de autorizações de porte de arma e de certificados de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), entrega do passaporte e apresentação semanal à Justiça.

Até o momento, 25 réus foram condenados pelo Supremo. As penas definidas variam de 10 a 17 anos de prisão em regime inicial fechado. Eles respondem por cinco crimes: associação criminosa armada, abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e depredação de patrimônio protegido da União.

Cerca 1,1 mil investigados terão direito ao acordo de não persecução penal (ANPP) e não serão denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A medida vale somente para quem foi preso em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília, em 9 de janeiro, dia seguinte aos atos, e não será aplicada para quem participou da invasão e depredação das sedes.

Pelo acordo, acusados de crimes cometidos sem violência ou grave ameaça podem confessar os crimes em troca de medidas diversas da prisão, como reparação do dano provocado, entrega dos bens que são frutos do crime, pagamento de multa e prestação de serviços à comunidade.

Prisões do 8 de janeiro - Agência Brasil
Prisões do 8 de janeiro – Agência Brasil

A invasão dos prédios públicos no dia 8 de janeiro começou por volta das 15h. Após romperem o cordão de isolamento com poucos policiais militares, os golpistas se dirigiram ao Congresso Nacional e invadiram a sede do Legislativo.

Em seguida, outro grupo se dirigiu ao edifício-sede do STF e também não foi contido pelos agentes da Polícia Judiciária, que fazia a proteção das instalações da Corte.

Atuando de forma organizada, os manifestantes entraram simultaneamente pela frente e pela lateral do prédio, como mostram as imagens captadas pelo sistema de câmeras de vigilância.

Ao ingressarem no Supremo, os vândalos passaram a quebrar janelas, obras de arte, uma réplica da Constituição de 1988, poltronas, câmeras de vigilância e de transmissão da TV Justiça, as cadeiras dos ministros, além de depredarem o sistema elétrico e iniciarem um princípio do incêndio.

Os golpistas só saíram das dependências do STF após a chegada de tropas do Comando de Operações Táticas (COT), grupo de elite da Polícia Federal (PF). Eles, então, foram retirados com auxílio um veículo blindado (caveirão).

Um ano após os atos golpistas, todas instalações danificadas foram reformadas e estão em pleno funcionamento. O plenário da Corte, principal alvo dos golpistas, foi reformado em tempo recorde e inaugurado menos de um mês após a depredação, em 1° de fevereiro de 2023, quando os ministros realizaram uma sessão solene para celebrar a retomada dos trabalhos, que não foram interrompidos no recesso de janeiro do ano passado.

Conforme relatório atualizado pelo Supremo, o prejuízo causado pela depredação chega a R$ 12 milhões. Foi constatado que 951 itens foram furtados, quebrados ou complemente destruídos, totalizando R$ 8,6 milhões.

Os gastos com a reconstrução do plenário, incluindo troca de carpetes, cortinas e outros itens, somaram mais R$ 3,4 milhões. O prejuízo total será cobrado solidariamente dos golpistas que são investigados pela depredação.

Memória e Repercussão:

Apesar da resposta institucional e das condenações, o trauma dos atos golpistas de 8 de janeiro ainda ecoa pela sociedade brasileira. As imagens da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes se tornaram símbolo do radicalismo político e da fragilidade da democracia.

O episódio levou a reflexões sobre o fortalecimento das instituições, o combate à desinformação e a polarização política. Em um evento no Salão Negro do Congresso Nacional, marcado para esta segunda-feira, autoridades dos Três Poderes e representantes da sociedade civil se reúnem para defender a democracia e discutir o futuro do país diante dos desafios impostos pelo 8 de janeiro.

Lições e Desafios:

Especialistas apontam que os atos golpistas serviram de alerta para a necessidade de um investimento contínuo na educação para a cidadania e na preservação do Estado de Direito. É preciso combater o discurso de ódio, fortalecer a cultura do diálogo e promover o respeito às divergências de opinião.

Além disso, é essencial investigar a fundo a atuação de grupos extremistas e a possível influência de agentes externos nos acontecimentos de 8 de janeiro. O fortalecimento da inteligência policial e a cooperação internacional são fundamentais para prevenir novos ataques à democracia.

Um ano após os atos golpistas, o Brasil precisa olhar para o futuro com responsabilidade. A defesa da democracia é uma tarefa contínua que exige o engajamento de todos os cidadãos e instituições. Apenas com diálogo, tolerância e a firmeza do Estado de Direito será possível consolidar a democracia e prevenir a repetição de eventos como os de 8 de janeiro.