Líder de protesto cubano denuncia ter recebido ameaças de prisão

Havana, 12 nov (EFE).- O principal incentivador do protesto em Cuba marcado para a próxima segunda-feira, Yunior García Aguilera, denunciou que a Segurança do Estado ameaou prendê-lo caso insista em realizar uma passeata solitária no domingo para cobrar direitos políticos.

Em entrevista à emissora “CNN”, o jovem dramaturgo disse que agentes da agência de inteligência de Cuba o interrogaram e o avisaram de que não seria permitido protestar nesse dia.

“Nem sequer da forma como anunciei: sozinho, carregando uma rosa branca ao longo de uma rua central de Havana”, acrescentou o membro da plataforma opositora Arquipélago.

García Aguilera anunciou na véspera a intenção de caminhar sozinho “em silêncio” às 15h (hora local) ao longo da Avenida 23, no bairro central de Vedado, até ao emblemático Malecón da capital, como um ato de “responsabilidade”, e não de “heroísmo”.

O jovem, um dos detidos em 11 de julho, quando ocorreram os protestos em massa contra o governo, reiterou nesta sexta-feira que a resposta da segurança do Estado é a confirmação de que o país “vive em uma ditadura”.

Segundo ele, existem cerca de cem cidades no mundo onde os cubanos poderão protestar e defender o direito de manifestação sem colocar ninguém em perigo.

A plataforma opositora pediu para protestar em 15 de novembro e recebeu uma recusa do governo, que a considera a manifestação “ilegal” por promover uma “mudança de regime” em Cuba e acusa os EUA de financiar e organizar a passeata. Diante da resposta da oposição de continuar com a manifestação, o Ministério Público advertiu sobre os processos penais.

A passeata foi convocada em um cenário difícil em Cuba, que atravessa uma grave crise econômica refletida em longas filas de espera para comprar alimentos e produtos básicos, além de uma inflação crescente e apagões.

O governo cubano atribui estes problemas ao embargo financeiro e comercial dos Estados Unidos, que foi endurecido durante o governo do ex-presidente Donald Trump.

Em Cuba, os direitos a greve e manifestação raramente são contemplados fora das instituições estatais e nunca foi autorizado um ato de oposição ao governo. EFE