O Retrato da Dor

Rio de Janeiro: Entrevista com Mônica Benício, a viúva da ex-vereadora Marielle Franco

Na manhã deste domingo (24/03), a operação Murder Inc. cumpriu três mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), todos na cidade do Rio de Janeiro.

Mônica Benício e Agatha conversam coma imprensa sobre a prisão dos mandantes do assassinato de Marielle e Anderson - Foto: Reprodução
Mônica Benício e Agatha conversam coma imprensa sobre a prisão dos mandantes do assassinato de Marielle e Anderson - Foto: Reprodução

Mônica Benício, vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL e viúva de Marielle Franco se pronunciou sobre a prisão dos mandantes do assassinato de sua esposa. Em entrevista ao lado de Agatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes, motorista de Marielle que também foi assassinado, Mõnica relatou os dias de sofrimento em busca de respostas.

Na manhã deste domingo (24/03), a operação Murder Inc. cumpriu três mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), todos na cidade do Rio de Janeiro.

Foram presos Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, Chiquinho Brazão, deputado federal do Rio, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio. Foram 2.202 dias de espera. 6 anos e 10 dias dessa dor que hoje não acaba, mas que encontra, finalmente, um momento de esperançar justiça e paz.

Mônica e Agatha também publicaram uma nota conjunta nas redes sociais, confira abaixo a integra:

Foram 2.202 dias de espera. 6 anos e 10 dias dessa dor que hoje não acaba, mas que encontra, finalmente, um momento de esperançar justiça e paz. E isso é apenas uma parte do que Marielle e Anderson merecem. Nesse domingo chuvoso de março, a verdade começou a ser desvelada. O que, diante da nossa dor, é o tempo de uma vida inteira depois daquele 14 que marcou mais do que nossas vidas – marcou a nossa carne e o próprio Estado Democrático de Direito. A Polícia Federal realizou hoje uma operação para prender não um, mas três mandantes do assassinato brutal de Marielle e Anderson. Se os nomes de integrantes da família Brazão não causam surpresa ao serem revelados, a investigação da PF traz ainda mais um integrante desta odiosa trama: Rivaldo Barbosa, o então chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. O anúncio do seu nome mostra que a Polícia Civil não foi apenas falha, mas cúmplice deste crime. Rivaldo, que recebeu as nossas famílias logo após Marielle e Anderson serem assassinados, com o sorriso cínico que só as mais corruptas das burocracias podem produzir, nos dizendo que o caso seria uma prioridade máxima para ser solucionado o mais rápido possível. Seu nome envolto nessa execução brutal só demonstra o tamanho do abismo que vivemos no Estado do Rio de Janeiro, com instituições amplamente comprometidas nas teias mais podres do crime, da corrupção e do mercado de mortes. Um passo decisivo foi dado, mas a luta por justiça que nossas famílias travam nesses longos seis anos não termina na manhã de hoje. Não descansaremos até que haja, enfim, uma sentença. E iremos além. Não descansaremos até que todos os sórdidos poderes que dominam este Estado sejam, enfim, derrotados. À Polícia Federal, ao Ministério da Justiça, e ao Governo Federal, ao Ministério Público do Rio de Janeiro e ao Ministério Público Federal, expressamos o nosso mais profundo reconhecimento pelo compromisso de fazer valer este sopro de esperança. Há luta pela frente, e estaremos cada vez mais fortes para enfrentá-la. Hoje vence a democracia. Hoje Marielle e Anderson começam a ter justiça por suas vidas ceifadas. Não descansaremos até que a Justiça seja feita de forma plena. Por Marielle e Anderson, por nossas famílias, pela democracia no Brasil.

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Monica Benicio, viúva de Marielle Franco.

Agatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes.