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Representantes dos povos originários debatem educação indígena no Rio de Janeiro

Representantes de diferentes culturas, educadores e organizações estiveram presentes

Câmara do Rio recebe representantes dos povos originários em debate público sobre educação indígena
Divulgação CMRJ

Representantes de 11 povos originários distintos estiveram presentes nesta segunda-feira (15), na Câmara do Rio, para um debate público promovido pela Comissão Especial de Combate ao Racismo. O evento foi conduzido pela vereadora Mônica Cunha (PSOL), presidente da comissão, e debateu a educação indígena na cidade tanto da perspectiva do ensino da história brasileira quanto da própria educação dessa população. 

Em sua fala, o presidente do comitê de políticas de igualdade e cotas étnico-raciais do CEFET/RJ Nadson Nei, defendeu que sejam pensados caminhos com relação à educação escolar indígena e comparou duas perspectivas: “Nós temos que diferenciar o que é educação indígena e educação escolar indígena. A educação indígena é aquela que a proposta vem da base, que são os povos originários, as etnias indígenas. A educação escolar indígena é tudo aquilo que se ensina a partir dos saberes indígenas por meio da escola. Só que nós temos que entender que o projeto político desenhado para ser uma escola foi muito agressivo com os povos originários”, defendeu o professor.

A vereadora Mônica Cunha (PSOL), por sua vez, lembrou que não existe qualquer “favor” em trazer esses representantes para o plenário, tendo em vista que estes teriam direito por serem os verdadeiros donos das terras brasileiras: “Eu estou cumprindo o que a história deixou de cumprir. Botar o povo na casa do povo”. A parlamentar ainda reforçou: “Abril é voltado para a visibilidade, fortalecimento das lutas e conquistas dos povos originários. Além disso, reforçar a valorização e o respeito às suas histórias culturais e identidades que por muito tempo foram silenciadas e invisibilizadas pela sociedade em nossa cidade”. 

Representatividade indígena no sistema educacional

Trazendo dados internacionais para exemplificar a posição da educação brasileira perante aos outros países das Américas, a professora Mônica Lima, que também compôs a mesa do debate, citou como exemplo a ausência de reconhecimento de uma universidade indígena que funciona na cidade do Rio: “O MEC e a Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena precisam reconhecer primeiro a Universidade Pluriétnica Indígena Aldeia Maracanã para que qualquer outro debate no âmbito indígena seja discutido aqui dentro desse país, que tá atrasado nesse debate. Os EUA tem mais de 20 universidades indígenas, o México tem 17 universidades indígenas, Bolívia, Argentina, Peru, Chile e Colômbia… E o Brasil?”.

A representante da Prefeitura do Rio, Thayssa Menezes, que é assistente na gerência de relações étnico-raciais do órgão, afirmou que o grupo entende e busca fazer mais: “Temos tentado com todos os esforços estar agregando essas pessoas. A gente entende que a gente tem um desafio muito grande principalmente quando se trata das questões relacionadas à educação indígena”.

O debate se encerrou com um canto indígena, puxado pelo professor Ricardo Ajuricaba Tupinambá, da Restauração Tupinambá do Rio de Janeiro da Aldeia Maracanã, que foi acompanhado energicamente por todos os outros representantes dos povos originários que estavam no plenário.

Também estiveram presentes Emerson Guarani, coordenador da Rede Utopia; Alexander Noronha, representante do Museu Nacional dos Povos Indígenas; José Urutau, cacique; Rosilene Almeida, representando o mandato da vereadora Luciana Boiteux (PSOL) e Suellen Tavares, representando o mandato da Deputada Estadual Dani Monteiro.