Julho Amarelo: Secretaria de Saúde celebra os avanços do SUS contra as hepatites virais

Publicado em 28/07/2023 – 09:29 | Atualizado em 28/07/2023 – 09:36
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A hepatologista Mauren Machado explica os principais sintomas das hepatites virais – Edu Kapps/Prefeitura do Rio

No Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, nesta sexta-feira (28/7), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) celebra os avanços do SUS no combate à doença. Durante o Julho Amarelo, a SMS levou a vacina da hepatite B para diversos pontos da cidade, com a aplicação de mais de mil doses até agora. Nos últimos anos, o número de notificações de casos de hepatites virais no município reduziu bastante. Só os casos de  hepatite C caíram 85% em nove anos, enquanto os casos de hepatite A e B caíram 75% e 70%, respectivamente.

A hepatite viral é uma inflamação no fígado causada por vírus. No Brasil, as mais comuns são as do tipo A, B e C e cada uma delas tem suas particularidades.

– Nem sempre a hepatite apresenta sintomas, mas quando aparecem, se manifestam na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras – explica a hepatologista Mauren Machado, do Centro Especializado em Infectologia Valda do Borel (CEI), que fica na Policlínica Hélio Pellegrino, na Praça da Bandeira.

Os avanços do tratamento no SUS foram essenciais para a redução de casos notificados. O diagnóstico das hepatites é feito por teste rápido ou por teste sorológico (exame de sangue), disponíveis nas unidades básicas de saúde. Além disso, o acesso foi descentralizado para a medicação, principalmente contra a hepatite C, que agora está disponível em várias unidades distribuídas em toda a cidade do Rio.

– A pessoa que está com sintomas, ou suspeita de algo, pode ir até uma unidade de saúde e fazer o teste rápido. Em 30 minutos, ela terá o resultado. Toda a medicação pode ser retirada pela rede municipal. O serviço do SUS contribuiu muito para os índices de diagnóstico e tratamento das hepatites, principalmente com a oferta de medicamentos – ressalta a hepatologista.

A redução de casos notificados é observada na série histórica da doença. Em 2013, foram 1.040 notificações só de hepatite C, enquanto neste ano, até o momento, foram 149. De hepatite B, enquanto há 10 anos eram 374 casos, neste ano são 79. Já a  hepatite A teve 480 casos em 2013 e só 36 em 2023 até agora.

Ações no Julho Amarelo

Durante o Julho Amarelo, a SMS fez ações pela cidade disponibilizando a vacina da hepatite B para atualização dos esquemas vacinais de quem precisasse. Foram mais de mil doses aplicadas em postos de vacinação espalhadas pelo Centro e nas zonas Norte, Sul e Oeste. No dia 20 de julho, a Gerência de Hepatites Virais da SMS realizou um evento na Fiocruz onde, além de disponibilizar a vacina da hepatite B, houve rodas de conversa, oferta de teste rápido contra as hepatites e distribuição de material informativo.

– Este evento foi muito importante para todos. Precisamos sensibilizar a população em geral quanto à importância da imunização para a hepatite B, assim como o aumento  da cobertura vacinal, que foi viabilizado pela disponibilidade de um número maior de pontos de vacinação – disse a gerente de hepatites virais da SMS, Girleide de Oliveira.

Tatiana Siqueira de Carvalho, de 47 anos, pegou o vírus da hepatite B quando era recém-nascida, por transfusão sanguínea. Ela conta que descobriu a doença somente aos 18 anos.

– Eu nasci na década de 1970. Naquela época, pouco se sabia sobre doação de sangue. Eu fiquei muito doente logo que nasci e nenhum medicamento melhorou o meu quadro. Por último, os médicos tentaram a transfusão. Quando completei a maioridade, quis doar sangue e fui até o Hemorio. Foi quando descobri que tinha hepatite B.

Farmacêutica na Coordenação de Doenças Transmissíveis da SMS, Tatiana é ativa nas campanhas de divulgação de prevenção e tratamento das hepatites virais da Prefeitura, compartilhando sua experiência. E sem se preocupar com tabus, ela sempre falou abertamente com amigos e namorados sobre hepatite B. Hoje é mãe de um menino de 12 anos.

– Sempre quis ter filhos. Eu tenho carga viral negativa e meu marido é vacinado contra a hepatite B. Nós dois sempre conversamos sobre tudo, não podemos ficar com medo ou vergonha. Então seguindo todos os cuidados médicos indicados, para não ter transmissão vertical, quando o vírus passa de mãe para filho, realizei meu sonho – conta Tatiana.

Conheça os principais tipos de hepatite no Brasil

Hepatite A – Tem o maior número de casos. É de transmissão fecal-oral através da ingestão de água e alimentos contaminados com fezes do paciente doente ou também pode ser sexualmente transmitida, embora com menos frequência. Está diretamente relacionada às condições ruins de saneamento básico e de higiene. Ela pode ser prevenida lavando bem as mãos e alimentos, consumindo água filtrada e fervida.

O tratamento é feito apenas com o uso de remédios para febre, náusea, dor de cabeça, e também pode ser prevenida com a vacina disponível no SUS. Crianças entre 1 e 2 anos, pacientes com doença hepática crônica, imunodeprimidos e outros casos específicos podem se imunizar.

Hepatite B – É transmitida principalmente por via sexual, transmissão vertical de mãe para filho, uso de drogas inaláveis ou injetáveis com o compartilhamento de canudos, seringas e agulhas e através do contato sanguíneo através de materiais cortantes não esterilizados.

Pode apresentar os sintomas já citados ou ser totalmente assintomática. Pode evoluir para cirrose e para câncer de fígado quando não tratada. O tratamento pode ser feito pelo SUS, que oferece gratuitamente a retirada de medicação. A melhor forma de prevenção é a vacina, associada ao uso de preservativos.

Hepatite C – Tem como principal forma de transmissão o contato com sangue, através da transfusão de sangue ou de hemoderivados contaminados, drogas injetáveis ou inaláveis e compartilhamento de material cortante não esterilizado, e também pode ser sexualmente transmitida.

É a principal causa de cirrose, câncer de fígado e transplante hepático no Brasil. A doença se torna crônica em 80% dos casos, na maioria dos casos é assintomática. Com a introdução das chamadas drogas de ação direta (DAA), o tratamento para este tipo da doença evoluiu. A duração do tratamento era de 48 semanas, com 60% de chance de cura, agora são 12 semanas com mais de 95% de chance de cura.

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28 de julho de 2023 Marcações: Dia Mundial hepatite viral Julho Amarelo saúde SUS vacina
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