Direitos Humanos

Crise na OAB RJ após demissão ligada ao caso Marielle

Renúncias na Comissão de Direitos Humanos e pressão por posicionamento marcam turbulência na Ordem

Marielle Franco - Foto: Renan Olaz/Câmara Municipal do Rio
Marielle Franco - Foto: Renan Olaz/Câmara Municipal do Rio

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro enfrenta uma crise interna após a demissão do presidente da Comissão de Direitos Humanos, Ítalo Pires de Aguiar, alegando pressões relacionadas ao caso Marielle Franco. Aguiar afirmou em carta que foi coagido pela direção da Ordem a se abster de comentar sobre o assassinato da vereadora.

O que você precisa saber

  • Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB RJ, Ítalo Pires de Aguiar, demite-se alegando pressões ligadas ao caso Marielle Franco.
  • 25 coordenadores e integrantes da comissão também renunciam em meio a turbulência na entidade.
  • Renúncias são motivadas por discordâncias com a direção da OAB e filiação de vice-presidente a associação conservadora.

Demissão e Renúncias

Ítalo Pires de Aguiar não foi o único a deixar seu cargo na OAB RJ. Vinte e cinco coordenadores e membros da Comissão de Direitos Humanos seguiram o mesmo caminho, anunciando suas renúncias à direção da entidade. Entre os motivos, está a suposta interferência da direção da Ordem em assuntos sensíveis, como o caso Marielle Franco.

Motivos das Renúncias

Marcello Oliveira e Álvaro Quintão, integrantes renunciantes, mencionaram que a OAB exonerou Ítalo após ele solicitar a reabertura de inquéritos arquivados pelo delegado Rivaldo Barbosa, anterior chefe da Polícia Civil, que está detido sob suspeita de envolvimento no assassinato de Marielle. Além disso, as renúncias foram impulsionadas pela filiação da vice-presidente da OAB RJ, Ana Tereza Basílio, à Associação Brasileira de Juristas Conservadores (Abrajuc), causando descontentamento entre os membros da comissão.

Disputa de Posicionamento

Marcello Oliveira destacou a importância da independência da OAB e expressou desacordo com o que considerou uma tentativa de politização da entidade. “A OAB não pode concordar com a política do cafezinho nos tribunais!”, afirmou. Ele também criticou a antecipação da candidatura da vice-presidente, Ana Tereza Basílio, e sua ascensão à presidência efetiva da OAB RJ, alegando que isso gerou uma crise de confiança nos direitos humanos e na autonomia da Ordem.