Ancestralidade

Armazém das Docas Dom Pedro II será reformado até 2024 e abrigará centro de memória sobre história e cultura negras

Prédio histórico, projetado por André Rebouças, fica em frente ao Cais do Valongo, que foi tombado como Patrimônio Mundial da Unesco

Foto: Agência Brasil
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O projeto de reforma do Armazém das Docas Dom Pedro II, construído em 1871, na zona portuária do Rio de Janeiro, será concluído até o fim de 2024, segundo previsão do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass.

O que você precisa saber:

  • O prédio histórico, projetado pelo engenheiro negro André Rebouças, fica em frente ao Cais do Valongo e abrigará um centro de memória sobre a história e a cultura negras no Brasil.
  • A previsão inicial é que o espaço comece a funcionar em 2026.
  • O centro de memória ainda não tem detalhes de como será, mas Grass acredita que não será apenas um museu, mas um centro cultural.

O prédio histórico, projetado pelo engenheiro negro André Rebouças, sem uso de mão de obra escrava, fica em frente ao Cais do Valongo, que foi nomeado patrimônio mundial pela Unesco, em 2017. O centro de memória, que ainda não tem detalhes de como será, abrigará exposições, eventos culturais e educativos sobre a história e a cultura negras no Brasil.

Prédio histórico, projetado por André Rebouças, fica em frente ao Cais do Valongo, que foi tombado como Patrimônio Mundial da Unesco
Foto: Agência Brasil

A previsão inicial é que o espaço comece a funcionar em 2026, mas a data ainda pode ser alterada.

“A ideia é fazer um grande Centro Cultural, então, ele vai ter uma multidisciplinaridade, uma perspectiva diversa de ocupação. Enfim, essa concepção ainda vai ser melhor discutida, mas a ideia é que não seja só um museu, vai ter uma perspectiva de multiuso”, afirmou Grass.

Nesta quinta-feira (23), foram entregues as obras de revitalização do Cais do Valongo, que foi o principal ponto de desembarque de escravos africanos no Brasil, entre os séculos XVIII e XIX. Além da instalação de um guarda-corpo resguardando os vestígios do antigo porto, foram colocadas placas informativas sobre o sítio.

“Esse lugar tem um enorme valor em termos de história de memória não só nacional, mas principalmente internacional. A África é uma prioridade global da Unesco e esse lugar marca uma relação importante entre a África e o Brasil. É uma memória que não pode ser perdida e precisa ser valorizada”, afirmou a coordenadora de Cultura da Unesco no Brasil, Isabel de Paula.

O entorno do Cais do Valongo, que inclui a Praça Mauá e os bairros da Saúde e da Gamboa, é conhecida como Pequena África, e contém outros sítios importantes para a história negra no Brasil, como o Cemitério dos Pretos Novos e a Pedra do Sal.

“Há necessidade de um olhar diferenciado para esse local, que é emblemático”, disse Gracy Mary Moreira, integrante do Comitê Gestor do Cais do Valongo e bisneta de Tia Ciata, uma das responsáveis pelo nascimento do samba e pela popularização das baianas quituteiras do Rio de Janeiro.