PF investiga Ramagem por suposto monitoramento ilegal de opositores

Deputado federal, sete policiais federais e três servidores da Abin são alvos de operação

Jair Bolsonaro cumprimentando Alexandre Ramagem, chefe da Abin em seu governo. Reprodução
Jair Bolsonaro cumprimentando Alexandre Ramagem, chefe da Abin em seu governo. Reprodução

Deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), é alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (25). A ação investiga suposto monitoramento ilegal de opositores do governo Jair Bolsonaro (PL).

O que você precisa saber:

  • Ramagem é alvo de mandados de busca e apreensão, juntamente com medidas cautelares que incluem a suspensão imediata das funções públicas de sete policiais federais.
  • A ação investiga o uso de um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de alvos previamente definidos por meio de dispositivos celulares.
  • A PF afirma que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela dentro da Abin, utilizando ferramentas e serviços da agência para ações ilícitas.

A operação, batizada de “Vigilância Aproximada”, envolve 21 mandados de busca e apreensão, juntamente com medidas cautelares que incluem a suspensão imediata das funções públicas de sete policiais federais. As diligências estão sendo realizadas em Brasília/DF (18), Juiz de Fora/MG (1), São João Del Rei/MG (1) e Rio de Janeiro/RJ (1).

Segundo informações reveladas pelo jornal O Globo em março de 2023, a Abin teria utilizado o programa FirstMile para monitorar a localização de alvos previamente definidos por meio de dispositivos celulares. Após a divulgação da notícia, a Polícia Federal iniciou uma investigação que identificou o uso da ferramenta para monitorar políticos, jornalistas, advogados e opositores de Bolsonaro.

O FirstMile tinha a capacidade de rastrear os passos de até 10 mil pessoas por ano sem autorização judicial, bastando digitar um número de telefone no programa para acompanhar a localização através do mapa. A ferramenta, desenvolvida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), era operada sem qualquer controle formal de acesso pela equipe de operações da agência de inteligência.

De acordo com a PF, a operação atual é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, iniciada em outubro de 2023. O inquérito revelou que as evidências obtidas durante as diligências da Polícia Federal indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela dentro da Abin, utilizando ferramentas e serviços da agência para ações ilícitas.

Isso inclui a produção de informações com fins políticos e midiáticos, visando benefícios pessoais e até mesmo interferindo em investigações da Polícia Federal.

A PF destaca que os investigados podem ser responsabilizados pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemáticas sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados por lei.