Tensão Pré Cassação

Moro parafraseia frase de Clinton para atacar Lula

Senador diz que 'deterioração institucional' terá consequências econômicas

Jair Bolsonaro e Sergio Moro - Foto: Alan Santos/PR
Jair Bolsonaro e Sergio Moro - Foto: Alan Santos/PR

O senador Sergio Moro (União-PR) parafraseou uma frase cunhada pelo estrategista da campanha de Bill Clinton à presidência dos EUA em 1992, James Carlile, para xingar Lula em artigo publicado nesta quarta-feira (27).

O que você precisa saber:

  • Moro diz que “deterioração institucional” terá consequências econômicas.
  • Ele ignora dados positivos da economia, como crescimento e inflação controlada.
  • Moro ataca Lula por nomear advogado pessoal para o STF e por “receber esposa de traficante” no Ministério da Justiça.

No texto, intitulado “São as instituições, estúpido”, Moro adequa a frase de Carlile – “É a Economia, estúpido” – dizendo que foi “o mote de campanha de Bill Clinton em sua disputa com George Bush nas eleições de 1992” para atacar o presidente.

Em um esforço hercúleo, o senador inicia o texto fazendo “a ressalva necessária de que sou um parlamentar da oposição, então a tendência não é a de um olhar generoso”, mas logo em seguida admite que “até há alguns dados positivos, como um crescimento razoável, próximo a 3%, e uma inflação relativamente controlada, de cerca de 4,5%”.

Moro, que deixou a toga logo após influenciar nas eleições de 2018 para assumir o Ministério da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) – de onde saiu escorraçado e só reatou com o ex-presidente no segundo turno de 2022 -, centra seus ataques em uma ilusória “deterioração institucional e que ela terá as suas consequências na esfera econômica”.

Na “análise”, Moro ignora a própria análise das agências de risco, que elevaram a nota do Brasil justamente pelo ambiente democrático reconstruído após quatro anos de terror e caos do bolsonarismo.

Desnorteado, Moro chega a citar como exemplo a aprovação da Reforma Tributária e, em contrassenso, diz que “há uma razoável dúvida se essa reforma tão esperada terá mesmo o efeito de simplificar o sistema tributário”.

O senador, que assumiu a política partidária ao deixar o governo Bolsonaro após anos de politicalha na 13ª Vara Federal de Curitiba, ainda atacou Lula por “nomear seu advogado pessoal para uma vaga no Supremo Tribunal Federal”, ignorando o trato feito com o ex-presidente para ganhar uma vaga na corte.

Moro ainda joga baixo, ignorando os dados da Justiça e Segurança Pública ao dizer que “o Ministério da Justiça e Segurança Pública ficou mais conhecido por ter recebido em suas instalações a esposa de liderança do tráfico de drogas do que por qualquer outra medida”, ecoando a fake news divulgada pelo Estadão.

“Por isso, não se engane com alguns sinais não tão negativos neste primeiro ano. A deterioração institucional, infelizmente, cobrará, a seu tempo, o seu preço”, conclui Moro, que em breve deve deixar o Senado pelos trambiques feitos durante a pré-campanha eleitoral em 2022.