Venezuela-Guiana

Venezuela consulta população sobre disputa territorial com Guiana

Referendo popular fará cinco perguntas ao eleitor sobre região de Essequibo

Venezuela consulta neste domingo eleitores sobre disputa com Guiana
Foto: © LEONARDO FERNANDEZ VILORIA

Venezuelanos serão consultados neste domingo (3) sobre a disputa territorial de seu país com a vizinha Guiana.

O referendo popular fará cinco perguntas ao eleitor, envolvendo a questão sobre a região de Essequibo, que ocupa 75% dos 215 mil quilômetros quadrados do território guianês.

O que você precisa saber:

  • Venezuela realiza referendo sobre disputa territorial com Guiana.
  • Referendo fará cinco perguntas ao eleitor.
  • Questão central é sobre a região de Essequibo, reivindicada pela Venezuela.
  • Guiana diz que atual fronteira é válida.
  • Brasil teme escalada de tensão na região.

O referendo popular promovido pelo governo venezuelano de Nicolás Maduro fará cinco perguntas ao eleitor, envolvendo a disputa pela região de Essequibo, que ocupa 75% dos 215 mil quilômetros quadrados do território guianês. A área é reivindicada pela Venezuela desde meados do século XIX.

A primeira pergunta é se a Venezuela deve rechaçar, “por todos os meios, conforme a lei”, a atual fronteira entre os dois países, já que o governo defende que o novo limite seja o rio Essequibo.

A Guiana tem o controle efetivo dos 160 mil quilômetros quadrados de território a oeste do rio Essequibo, desde a demarcação da fronteira em 1905 – quando ainda era colônia britânica -, entre Venezuela e Reino Unido.

A Venezuela não reconhece a atual fronteira porque, segundo a posição oficial do governo do país, foi definida de forma fraudulenta pelo Laudo Arbitral de Paris, em 1899, apesar de os venezuelanos terem aceitado a mediação do tribunal arbitral e o resultado do laudo por várias décadas.

A segunda pergunta é se o eleitor apoia que Essequibo se torne efetivamente um estado da Venezuela. Hoje, a área – também conhecida como Guiana Essequiba – aparece como “Zona en Reclamación”, ou seja, um território reivindicado nos mapas oficiais do país.

Se disser “sim”, o eleitor também concordará em conceder cidadania venezuelana a todos que vivem atualmente em Essequibo.

A terceira pergunta questiona o eleitor sobre se está de acordo a se “opor, por todos os meios, de acordo com a lei, à pretensão da Guiana de dispor unilateralmente de um mar pendente de delimitação”.

A costa da Guiana em questão inclui parte do campo de Stabroek, com reservas estimadas em cerca de 11 bilhões de barris de petróleo, região que atualmente é explorada em parceria com companhias como a norte-americana ExxonMobil e a chinesa CNOOC.

A quarta pergunta é sobre se os venezuelanos aceitam o Acordo de Genebra de 1966 como único instrumento capaz de resolver a controvérsia.

O texto prevê que os dois países busquem as alternativas pacíficas previstas pela Carta das Nações Unidas para resolver a controvérsia.

A quinta e última pergunta é sobre se os venezuelanos concordam com “a posição histórica da Venezuela de não reconhecer a jurisdição da Corte Internacional de Justiça” sobre a questão fronteiriça.

A Guiana diz não ter dúvidas sobre a validade do Laudo Arbitral e da fronteira terrestre, que, segundo nota divulgada pelo governo guianês, “a Venezuela aceitou e reconheceu como sua fronteira internacional por mais de 60 anos”.

O Brasil, que faz fronteira com o território contestado, deseja que os dois países encontrem uma solução diplomática e pacífica para a controvérsia, mas vê com preocupação a tensão entre a Venezuela e a Guiana. O Ministério da Defesa informou que reforçou as fronteiras com ambos países, ampliando o número de militares na região