Piñera diz que processo de impeachment é "baseado em fatos falsos"

Santiago, 10 nov (EFE).- O presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou nesta quarta-feira que a abertura de um processo de impeachment contra ele pela Câmara dos Deputados “é baseada em fatos falsos” e garantiu estar confiante de que o Senado vai absolvê-lo.

“Estamos convencidos de que essa acusação não tem nenhum fundamento, nem nos fatos, nem no direito. Depois de uma atenta leitura, concluímos que está baseada em fatos falsos, habilmente relatados ou simples conjecturas”, disse o chefe de governo em entrevista coletiva.

Essa foi a primeira vez que Piñera se manifestou publicamente sobre o tema, depois que, na madrugada de ontem, a Câmara dos Deputados aprovou, em sessão que durou quase 24 horas, a abertura do processo de impeachment, dando sinal verde para o Senado iniciar um julgamento político.

“Esta acusação se segue ao clima cheio de raiva da política chilena e que os chilenos puderam ver na longa noite em que se debateu a acusação no Congresso, que, na nossa opinião, tem um claro e injustificado interesse eleitoral”, afirmou o presidente.

O Senado iniciará os debates sobre o impeachment no próximo dia 19, apenas dois dias antes da eleição presidencial no Chile, na qual Piñera não vai concorrer.

O chefe de governo é acusado por supostas irregularidades na venda de um projeto de mineração no Chile e de manter uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, conforme revelou a investigação jornalística conhecida como Pandora Papers.

Segundo o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), a venda do projeto deveria ser feita em três parcelas, mas a última estava condicionada a uma área não ser declarada de proteção ambiental, decisão que deveria ser tomada por Piñera, o que geraria conflito de interesses, conforme aponta a acusação.

O presidente, que é dono de uma das maiores fortunas do Chile, argumenta que se desvinculou dos negócios através de ‘blind trusts’ em 2009, antes de chegar ao poder pela primeira vez, e que as informações que vieram à tona já tinham sido reveladas em quatro anos atrás.

“Foi determinado que não havia nenhuma irregularidade e, além disso, foi estabelecida minha total inocência”, afirmou Piñera, que pode seguir no cargo durante o processo, mas está proibido de deixar o país sem autorização do Congresso.

Esse é o segundo processo de impeachment aberto contra o presidente chileno. Em novembro de 2019, o primeiro não avançou. Na época, eram investigadas supostas violações aos direitos humanos na repressão a protestos populares. EFE