Multidão liderada por indígenas pede justiça climática em Glasgow

Javier Albisu.

EFE / ROBERT PERRY

Glasgow (Reino Unido), 6 nov (EFE).- Dezenas de milhares de pessoas, lideradas por grupos indígenas, exigiram justiça climática social em meio à COP26 em Glasgow neste sábado, quando a cúpula das Nações Unidas entra em sua reta final em busca de um pacto para evitar que as temperaturas subam mais de 1,5 grau Celsius até o final deste século.

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“Aqui estamos todos protestando não apenas por nós mesmos: pelos animais, pelo mundo vegetal, por tudo o que é espiritual. As estrelas nos acompanham nesta viagem hoje. Não há fronteiras, não há religiões, não há cores. Somos todos uma grande família, a família humana”, declarou o mapuche chileno Calfín Lafkenche no começo da manifestação.

Glasgow (United Kingdom), 06/11/2021.- A protester attends a march to demand action from world leaders to combat the climate change crisis during the UN Climate Change Conference COP26 taking place in Glasgow, Britain, 06 November 2021. The COP26 climate conference is being held until November 12. (Protestas, Reino Unido) EFE/EPA/ROBERT PERRY

Sob uma forte chuva e um vento que gradualmente diminuiu durante o dia, até 100 mil pessoas participaram da marcha. Os números são dos organizadores do Dia Global da Justiça Climática, mas não foram confirmados pela polícia.

O protesto começou no Kelvingrove Park às 12h (local, 9h de Brasília), perto da sede da COP26, e passou por Glasgow para terminar no Glasgow Green Park.

Ao mesmo tempo, os ativistas do clima haviam convocado uma réplica do protesto em 200 lugares do mundo, de Seul ao Rio de Janeiro, com eventos também em Manila, Cidade do México, Lisboa, Los Angeles e Nairóbi.

Em meio a gaitas de foles, trombetas e batucadas, mas também guarda-chuvas e máscaras sanitárias, a grande marcha climática aconteceu em um ambiente festivo e familiar com um sabor antiglobalização e mensagens contra o capitalismo, o consumo de carne, a energia nuclear e em favor dos refugiados políticos. Os organizadores quiseram dar um lugar central aos povos indígenas, como um símbolo global do ativismo climático.

“Os povos indígenas são o clima. Os povos indígenas são a natureza, eles são os espaços, somos nós que protegemos o mundo inteiro para respirar. Não há alternativa. Nós somos a natureza. Estamos recebendo um pouco de reconhecimento, mas ainda há um longo caminho a percorrer”, destacou Calfín à Agência Efe.

A poucos metros de distância, a deputada federal Vivi Reis, afirmou à Efe que se juntou à marcha para protestar contra a política do presidente Jair Bolsonaro, a qual considerou “anti-ambiental”, e para exigir que a ação climática fosse baseada na consulta aos povos indígenas.

“Certamente os dinossauros também pensavam que lhes restava tempo”, “Basta de desculpas”, “Não podemos beber dinheiro”, “Não há planeta B” e “Salvem nosso futuro” são algumas das frases vistas em cartazes durante a grande mobilização social da COP26 entre bandeiras escocesas, tibetanas e palestinas As mensagens transcendiam o ambientalismo e exigiam equidade social a paz no Sudão.

O protesto aconteceu um dia depois que cerca de 25 mil jovens, liderados pela ativista sueca Greta Thumberg e pela ugandesa Vanessa Nakate, também presente hoje, saíram às ruas da cidade escocesa que sedia a cúpula da ONU para exigir que os líderes políticos encerrassem o que chamaram de “blá, blá, blá da COP26” e oferecessem soluções imediatas para a crise climática.

Ambas as mobilizações pretendem se tornar um alerta para impulsionar as negociações da COP26, que serão concluídas na próxima sexta-feira. Por enquanto, não há qualquer progresso sugerindo que será cumprido o Acordo de Paris, de 2015, para evitar que as temperaturas subam mais de 2 graus acima dos níveis da revolução pré-industrial. EFE

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