COP28

Lula na COP28: "O planeta já não espera para cobrar da próxima geração"

Presidente brasileiro critica acordos climáticos não cumpridos, gastos com armas e desigualdade

Lula - Foto: Ricardo Stuckert
Lula - Foto: Ricardo Stuckert

Em seu primeiro discurso na COP28, em Dubai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (1º) que o planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos, de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas, de discursos eloquentes e vazios e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega.

O que você precisa saber:

  • Lula criticou acordos climáticos não cumpridos, gastos com armas e desigualdade.
  • Ele disse que o planeta está farto de “discursos eloquentes e vazios”.
  • Para o presidente, é preciso resgatar a crença no multilateralismo e enfrentar as mudanças climáticas sem combater as desigualdades.

Lula citou que a humanidade sofre com secas, enchentes e ondas de calor cada vez mais extremas e frequentes. Ele lembrou a seca no Norte do Brasil e as enchentes no Sul.

“A Amazônia amarga uma das mais trágicas secas de sua história. No Sul, tempestades e ciclones deixam um rastro inédito de destruição e morte”, destacou. “A ciência e a realidade nos mostram que desta vez a conta chegou antes.”

O presidente também criticou o gasto global com armas. “Somente no ano passado, o mundo gastou mais de US$ 2 trilhões em armas. Quantia que poderia ser investida no combate à fome e no enfrentamento da mudança climática”, disse.

Para Lula, a conta das mudanças climáticas não é a mesma para todos e chegou primeiro para as populações mais pobres. Ele lembrou que o 1% mais rico do planeta emite o mesmo volume de carbono que 66% de toda a população mundial.

“Trabalhadores do campo, que têm suas lavouras de subsistência devastadas pela seca, e já não podem alimentar suas famílias. Moradores das periferias das grandes cidades, que perdem o pouco que têm quando a enchente arrasta tudo: casas, móveis, animais de estimação e seus próprios filhos”, disse.

Lula disse que não é possível enfrentar as mudanças do clima sem combater as desigualdades. “Reduzir vulnerabilidades socioeconômicas significa construir resiliência frente a eventos extremos. Significa também ter condições de redirecionar esforços para a luta contra o aquecimento global”, afirmou.

O presidente também criticou o não cumprimento dos compromissos climáticos assumidos. “O não cumprimento dos compromissos assumidos corrói a credibilidade do regime. É preciso resgatar a crença no multilateralismo”, disse.

“Governantes não podem se eximir de suas responsabilidades. Nenhum país resolverá seus problemas sozinho. Estamos todos obrigados a atuar juntos além de nossas fronteiras”, concluiu Lula, ao citar os ajustes das metas climáticas brasileiras, a redução do desmatamento na Amazônia e o que chamou de industrialização verde, agricultura de baixo carbono e bioeconomia.