Líder militar do Sudão cria novo Conselho Soberano como presidente

Cartum, 11 nov (EFE).- O líder militar do Sudão, general Abdelfatah al Burhan, decretou nesta quinta-feira a criação de um novo Conselho Soberano, o principal órgão do processo de transição, com ele mesmo como presidente, após ter dissolvido todas as instituições no golpe de Estado de 25 de outubro.

“O presidente do Conselho Soberano, Abdelfatah al Burhan, emite o decreto constitucional número 21 para formar um Conselho Soberano transitório”, anunciou a televisão estatal sudanesa, “Sudan TV”, acrescentando que o próprio general presidirá o novo órgão.

Segundo o canal, Burhan e o vice-presidente do órgão, general Mohamed Hamdan Dagalo, que ocupa novamente o posto, já tomaram posse na capital, Cartum.

O novo Conselho Soberano é composto por 15 membros, o mesmo número que o antigo, que foi dissolvido pelo próprio Burhan no golpe de Estado.

Nove dos membros são figuras repetidas no cargo, enquanto os outros seis novos integrantes são representantes civis de diferentes regiões do Sudão. O novo Conselho Soberano é formado por cinco militares, três líderes de movimentos rebeldes armados e seis civis.

Testemunhas disseram à Agência Efe que após o anúncio da criação do órgão, um grande esquema de segurança foi implantado nas principais estradas de Cartum, diante de uma possível reação de manifestantes que protestavam contra o golpe.

Esta medida foi tomada em meio de intensas negociações entre os componentes militares e civis do governo dissolvidos, que discutem uma solução para a crise através de mediadores.

Até agora, os civis e os militares não conseguiram chegar a um acordo, enquanto o governo dissolvido do ex-primeiro-ministro Abdalla Hamdok pede a restauração de todas as instituições, o que o Exército rejeita.

O anúncio ocorre apenas dois dias após uma grande manifestação convocada por plataformas civis da oposição contra o golpe para condenar a liderança militar, além da onda de detenções de vários ativistas e importantes líderes da oposição.

Em 25 de outubro, Burhan declarou o estado de emergência e dissolveu os órgãos criados para a transição democrática no país africano, além de prender o primeiro-ministro, Abdalla Hamdok, que está em prisão domiciliar. EFE