Israel-Palestina

Israel congela repasse de recursos tributários à Autoridade Palestina

O ministro chegou a se queixar da busca por justiça internacional frente ao genocídio em Gaza e à escalada colonial na Cisjordânia, expondo a retenção de impostos como medida punitiva

Ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, em 20 de março de 2023 [Gil Cohen-Magen/AFP via Getty Images]
Ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, em 20 de março de 2023 [Gil Cohen-Magen/AFP via Getty Images]

O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, decretou nesta segunda-feira (30) a suspensão de repasses tributários estimados em US$188 milhões mensais à Autoridade Palestina (AP), reportou a agência Anadolu.

Segundo Smotrich, os recursos serão retidos pois a gestão em Ramallah deixou de condenar os ataques transfronteiriços do movimento Hamas a Israel, cuja resposta foi uma campanha de punição coletiva contra os palestinos sob ocupação israelense.

“A Autoridade Palestina não entendeu como adequado se distanciar dos atos bárbaros”, declarou Smotrich, ao reproduzir retórica racista, adotada como propaganda de guerra. “Oficiais até mesmo chegaram a expressar apoio ao massacre”.

Smotrich é conhecido por declarações racistas e por promover a expulsão dos palestinos da Cisjordânia em favor de colonos ilegais.

O ministro chegou a se queixar da busca por justiça internacional frente ao genocídio em Gaza e à escalada colonial na Cisjordânia, expondo a retenção de impostos como medida punitiva. “A Autoridade age contra Israel no Tribunal Penal Internacional e no Tribunal de Justiça Internacional”, justificou Smotrich em carta ao premiê Benjamin Netanyahu.

A Autoridade Palestina não comentou o decreto até então.

Os impostos sobre importações e exportações — conhecidos mutuamente como maqasa – são coletados por oficiais israelenses em nome da Autoridade Palestina, sob uma comissão compulsória de 3% do valor total sobre os bens palestinos.

Trata-se da principal fonte de renda da gestão em Ramallah.

Neste fim de semana, o exército israelense intensificou seus ataques por ar e terra contra a Faixa de Gaza sitiada, sob bombardeios ininterruptos desde o ataque surpresa do grupo de resistência Hamas em 7 de outubro.

A campanha decorreu de recordes de escalada colonial em Jerusalém e na Cisjordânia e 17 anos de cerco militar contra Gaza.

As ações israelenses equivalem a punição coletiva, crime de guerra e genocídio. Ao menos 8.306 palestinos foram mortos por Israel até então.