Em encontro com embaixador de Israel no Brasil, Instituto Brasil-Israel entrega manifesto em favor da democracia israelense

Assinado por instituições e personalidades, manifesto é contra avanço da reforma judicial proposta pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e que pode impactar na garantia de direitos e na pluralidade presente no país

Na manhã desta quarta, 17, o Instituto Brasil-Israel (IBI), representado pela presidente, Ruth Goldberg, e pelo diretor-executivo, Morris Kachani esteve em Brasília, com o embaixador de Israel, Daniel Zohar Zonshine, onde entregou uma carta em defesa à democracia israelense, ameaçada diante da proposta de reforma judicial conduzida pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

“Pelo mundo afora, diversas instituições judaicas realizaram protestos e manifestos contra a reforma judicial, em sintonia com a mobilização da sociedade civil israelense nas ruas. No Brasil, o IBI centralizou estes esforços, juntamente com seus parceiros, CIP, Shalom, etc, com a realização de um ato e um manifesto assinado por 2500 pessoas – um número significativo, considerando a população judaica total no país. O objetivo agora é disseminar a mensagem e fazê-la chegar aos canais oficiais”, afirma Morris Kachani, diretor-executivo do IBI.

Para Kachani, a entrega do manifesto bem como do abaixo-assinado para a Embaixada de Israel no Brasil representa o início de um novo ciclo. “Estamos em contato com as equipes de outros protagonistas da política israelense, como o presidente Isaac Herzog, o líder da oposição Yair Lapid e um dos organizadores dos protestos em Israel, Amir Dror, para a entrega da documentação. Este é um momento-chave da história israelense e as comunidades judaicas da diáspora podem e devem influenciar este processo”.

Veja abaixo a íntegra da carta aberta entregue para o embaixador israelense:

Carta aberta em defesa da democracia em Israel

“O Estado de Israel exerce um papel essencial na identidade e na espiritualidade judaica contemporânea e nós, enquanto judeus brasileiros sionistas, nos orgulhamos de nosso vínculo com o país e com o seu protagonismo entre as nações que defendem os direitos humanos e a liberdade de expressão a partir de uma perspectiva inclusiva e democrática. Dito isso, expressamos nossa profunda preocupação com a proposta de reforma judicial que será votada nas próximas semanas pelo Parlamento Israelense.

A polêmica reforma judicial prevê modificações fundamentais na Suprema Corte, abalando sua independência, bem como um redesenho do sistema de “freios e contrapesos”, responsável pelo equilíbrio entre os poderes.

Especialistas de diversas áreas alertaram que, se a atual reforma for aprovada, o aspecto democrático de Israel será fortemente prejudicado, afetando negativamente a proteção das minorias, das mulheres e dos direitos humanos, além de enfraquecer a segurança nacional e a economia israelense.

Pesquisas indicam que a maior parte da população israelense é contrária aos termos da reforma. Neste momento, centenas de milhares de cidadãs e cidadãos israelenses estão tomando as ruas das principais cidades e cruzamentos das principais estradas, para protestar.

A mobilização envolve diversos setores da sociedade e campos políticos, incluindo trabalhadores de todos os segmentos, estudantes, professores, profissionais liberais, organizações religiosas e laicas, e reservistas do exército.

Apesar dos desafios incomparáveis enfrentados desde sua criação, os valores democráticos sempre prevaleceram como um pilar da nação judaica. Isso inclui a garantia dos direitos das minorias em toda a sua diversidade, abarcando judeus e não judeus, judeus seculares e religiosos, ortodoxos, conservadores e reformistas, além de toda a variedade de expressões ideológicas e de gênero.

Na condição de judeus da diáspora, o impacto dos acontecimentos em Israel também se projeta sobre nós. Também sentimos as consequências do que acontece no país.

Manifestamos nosso apoio e solidariedade aos israelenses que lutam pela manutenção da democracia, e conclamamos a população judaica brasileira para que faça o mesmo, repudiando qualquer ameaça ao Estado Democrático de Direito no país.”