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Economia Criativa será responsável por 8,4 milhões de profissionais em 2030; confira as principais tendências

Com expectativa de crescimento acima da média dos outros setores, a economia criativa tem potencial para ajudar os países na recuperação da crise pós pandemia de covid-19; até 2030 serão mais de 8 milhões de pessoas ganhando a vida com a criatividade no país

Economia Criativa será responsável por 8,4 milhões de profissionais em 2030; confira as principais tendências
Foto: Divulgação

Por Luiz Guilherme Guedes – A economia criativa é um setor em crescimento exponencial e deve atingir dois dígitos de crescimento até o final desta segunda década dos anos 2000. De acordo com o Ministério da Cultura, atualmente a categoria representa 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) e emprega cerca de 7,5 milhões de pessoas. São mais de 130 mil empresas formalizadas.

Segundo o Observatório Nacional de Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o número de pessoas que trabalham como influenciadores digitais, videomakers, streamers, cantores, cineastas, entre outros, vai chegar a 8,4 milhões em 2030.

O setor da economia criativa representará um a cada quatro novos empregos criados nos próximos anos e registrará um crescimento de 13,5%, estima a CNI. O crescimento nos próximos seis anos ficará bem acima da média de 4,2% prevista para os demais setores.

Realizado em novembro de 2023 pela primeira vez na Amazônia, o Mercado das Indústrias Criativas do Brasil tinha previsão de movimentar US$ 20 milhões (quase R$ 100 milhões na cotação atual) em cinco dias. O evento foi mais uma demonstração da força crescente da economia criativa no Brasil.

Luiz Guilherme Guedes, CEO e fundador da EPIC Digitais, empresa que desenvolve estratégias criativas em marketing de influência e potencializa criadores de conteúdo, afirma que este setor da economia cresce porque, dentre outras coisas, se desenvolve junto das novas tecnologias.

“O mercado da economia criativa é muito amplo e por isso é composto desde artistas mais tradicionais até jovens que estão começando a carreira quase que exclusivamente dentro do mundo digital. E como as soluções tecnológicas se desenvolvem com uma velocidade impressionante, a produção de conteúdo a partir destas ferramentas acaba acompanhando esta agilidade”, pontua.

Ele defende que estas características conferem à atividade o potencial de crescimento previsto e que, na verdade, ainda há muito para ser descoberto.

A importância da economia criativa para os países

Obviamente não é só no Brasil que a economia criativa segue de vento em popa. O mundo observa o potencial do setor e chega a estimar crescimento de até 40% até 2030, o que geraria até 8 milhões de novos empregos, segundo a consultoria Deloitte.

E a análise é que a área será essencial para que os países reconstruam suas economias após a recessão causada pela pandemia de covid-19. Neste sentido, não só a economia digital pode melhorar o cenário econômico, mas também as cadeias de fornecimento criativas e a tecnologia criativa, por exemplo.

Guedes avalia que mudanças sociais como a popularização do home office têm feito com que as pessoas fiquem mais em casa. Com isso, o consumo de redes sociais, séries, filmes e vídeos em sites como YouTube tem explodido.

O CEO da EPIC Digitais lembra ainda o caso dos influenciadores digitais, que também estão em alta. De acordo com a empresa de pesquisas e marketing PQ Media, os investimentos em marketing de influência no mundo aumentaram 21,5% em 2022, alcançando a marca de US$ 29 bilhões (R$ 141 bilhões). Em números ainda não consolidados, a expectativa para 2023 é que tais valores cheguem a US$ 34 bilhões (R$ 165 bilhões).

“Já está na cultura das pessoas consumir conteúdo não apenas de grandes marcas da indústria do entretenimento, mas também produções autorais e caseiras de médios e pequenos influenciadores. Neste circuito, as empresas grandes acabam chamando essas pessoas para fazer publicidade e essa máquina vai fazendo a economia girar gerando mais consumo”, explica.

Tendências da economia criativa para 2024

Artistas plásticos, produtores audiovisuais, designers, desenvolvedores de jogos, publicitários, produtores de eventos, músicos, escritores, influenciadores, youtubers, tiktokers, atores, enfim, são dezenas de profissionais que participam da economia criativa.

Além da criatividade, obviamente, a tecnologia é um outro fator que une todas estas carreiras. Em maior ou menor grau todos estão envolvidos com algum tipo de solução tecnológica, seja para divulgar seu trabalho ou produzir seus trabalhos efetivamente.

Por causa disso, Luiz Guilherme Guedes defende a necessidade destas pessoas de acompanhar o desenvolvimento de novas tecnologias e o impacto delas em seus públicos. “Desde um novo recurso em uma rede social até uma atualização em ferramentas de busca, tudo acaba impactando de forma ou outra o que você faz”, diz.

No bojo das evoluções tecnológicas, o CEO da EPIC Digitais elenca 6 tendências da economia criativa para 2024:

  1. Realidade Aumentada/Realidade Virtual/Realidade Mista: o mercado de Realidade Virtual (RV), Realidade Aumentada (RA) e Realidade Mista (RM) será chacoalhado logo no início de 2024. Em fevereiro, a Apple lançará o Apple Vision Pro, seus óculos de RA que prometem revolucionar a forma com que as pessoas realizam tarefas caseiras e trabalham. O nível de imersão do headset deve ser um dos maiores que o mundo já viu e o número de soluções desenvolvidas para RV, RA e RM deve multiplicar;
  2. Inteligência Artificial: o ano de 2023 marcou o estabelecimento da IA como uma ferramenta que otimiza o trabalho, produções acadêmicas e até atividades cotidianas. Com ferramentas como o ChatGPT, DALL-E e outras cada vez mais populares, a possibilidade de uso destas plataformas vem se expandindo a cada dia. Os próprios chatbots já funcionam como uma maneira revolucionária para se conectar com clientes, comunidade e fãs;
  3. Soluções eco-friendly: o verde e a ecologia estão definitivamente em alta. Pesquisas revelam que os consumidores estão cada vez mais conscientes e dando preferência a produtos sustentáveis, já que enxergam urgência na questão climática. Portanto, priorizar conteúdo e soluções eco-friendly pode diferenciar pessoas da economia criativa que vão se destacar e as que não vão;
  4. Omnichannel: são diversos os canais em que é possível produzir conteúdo atualmente. Instagram, TikTok, YouTube, Snapchat, Facebook, Twitch, Kwai etc. E apesar de parecer intuitivo escolher apenas uma delas para apostar, o fato é que a tendência de 2024 é que quem trabalha com economia criativa precisa ser omnichannel, ou seja, apostar em várias plataformas. A aposta, porém, precisa ser consciente, já que cada canal tem seu funcionamento específico de algoritmos e de engajamento;
  5. Collabs: as colaborações seguirão fazendo sucesso e continuarão sendo fatos impactantes para qualquer um que trabalhe na indústria criativa. Mais do que unir universos que naturalmente não estariam juntos, os collabs servem como um excelente exercício de criatividade e construção conjunta de trabalhos;
  6. Construção de comunidade: a comunidade é o alicerce de quem atua com economia criativa. Sem uma base sólida de fãs, consumidores, clientes, parceiros e qualquer outro tipo de público que apoie seu trabalho, não há sustentação. Por isso, o trabalho de gestão de comunidade é essencial e será uma trend em 2024 justamente por causa da profusão de conteúdo e dos riscos que estão expostos uma pessoa que aparece na internet.

“O Brasil sempre se destacou nas mais diversas áreas por conta da criatividade. O brasileiro sempre teve uma habilidade quase que inata de se virar e arranjar uma solução com muito pouco ou até mesmo desenvolver algo novo. Nosso país é um celeiro de inovações, novas ideias e uma terra criativa bastante fértil”, finaliza Luiz Guilherme Guedes.

Sobre Luiz Guilherme Guedes

Fundador do Grupo EPIC e CEO da EPICdigitais, startup CreativeTech focada em Economia Criativa Digital, que conta um time de 14 creators e um alcance de mais de 7,5 milhões de pessoas. Ao longo de seus mais de 25 anos de atuação profissional, Luiz Guilherme Guedes foi co-fundador de 3 hubs de inovação, 5 ecossistemas empreendedores e 12 startups.

Além do Grupo EPIC, Luiz Guedes também atua como conselheiro, palestrante e professor convidado de cursos de extensão. Seu propósito é apresentar a transformação que a economia criativa digital pode oferecer ao mundo e, principalmente, aos profissionais criativos digitais.