Mulheres negras marcham em SP pelo fim do racismo e por justiça

A oitava edição da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo começou na Praça da República, no centro da cidade, com uma cerimônia conduzida por mães de santos e o batuque do coletivo Ilú Obá De Min, formado só por mulheres.

Faixas e cartazes traziam o lema Por um Brasil com democracia, sem racismo, sem violência e pelo bem viver. Juliana Gonçalves, da organização da marcha, conta que é muito mais que sobreviver. 

O ato também pediu por justiça para a vereadora Marielle Franco, assassinada cinco anos atrás, em um atentado político envolvendo a milícia carioca. E também justiça por Luana Barbosa, negra, lésbica, espancada até a morte na frente do filho por três policiais militares depois que ela se recusou a ser revistada por homens. O crime foi em 2016, em Ribeirão Preto, no interior do estado, e até hoje ninguém foi punido.

A jornalista Ana Mielke que também é da organização da marcha, diz que é preciso que além de políticas públicas, é preciso que as mulheres negras ajudem a definir o que deve ser feito.

A marcha terminou no Teatro Municipal de São Paulo. O lugar é simbólico. Foi lá que há 45 anos, em plena ditadura militar, foi criado o movimento negro unificado, o MMU, que sempre contestou o mito de democracia racial no brasil. 

A Marcha das Mulheres Negras foi criada há 31 anos no primeiro Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Caribenhas. A data também celebra o dia de Tereza de Benguela, heroína e liderança quilombola, que viveu no brasil no século XVIII.