Alerta

2024 pode ser um dos anos mais secos da história do Pantanal

Dados divulgados na terça-feira (2), pelo Serviço Geológico do Brasil, mostram que rios seguem com níveis baixos para o período chuvoso e sem tendência de recuperação

Imagem aérea do Pantanal: área é um dos patrimônios ambientais do Brasil e importante para o ecoturismo (Mayke Toscano/SECOM-MT/Divulgação)
Imagem aérea do Pantanal: área é um dos patrimônios ambientais do Brasil e importante para o ecoturismo (Mayke Toscano/SECOM-MT/Divulgação)

O ano de 2024 pode ser um dos mais secos da história do Pantanal. Com acumulado de chuvas abaixo do esperado para o período chuvoso, a Bacia do Rio Paraguai, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, segue registrando níveis baixos em diversos municípios. Os dados constam em boletim de monitoramento hidrológico extraordinário divulgado na terça-feira (2) pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). As informações também foram apresentadas em reunião promovida pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

“Entre outubro, quando se inicia o período chuvoso na região, e o mês de março, observamos um déficit de 290 mm de chuva, que dificilmente será compensado nos próximos meses, conforme mostram os modelos de previsão”, explica o pesquisador em geociências Marcus Suassuna. Segundo ele, ainda que o volume de chuvas fique dentro da média entre março e setembro, o cenário seria mais severo que o observado em 2020, quando houve uma seca extrema no Pantanal. “Se as chuvas permanecerem abaixo da média, poderemos ter uma situação ainda mais grave, semelhante aos anos de 2021, 1971 e 1964 – os mais secos da história”.

Nesta época do ano, o Pantanal – a maior planície alagável do mundo – deveria estar cheio. No entanto, o que se observa são níveis muito baixos, que comprometem todo o ecossistema do bioma e aumentam riscos de incêndio, além de gerarem prejuízos à população. A bacia é também importante para a navegação, sendo um dos principais eixos de integração entre os países da América do Sul.

Para se ter uma ideia, o nível em Ladário (MS), observado nesta terça-feira (2), foi de 99 cm, enquanto a média é de 2,87 m. Em Porto Murtinho (MS), a cota é de 1,85 m – menos da metade do que era esperado: 4,28 m. No município de Miranda (MS), a diferença passa de 2 m: foi observado 1,24 m, quando a média histórica é de 3,8 m. Em Aquidauana (MS), a marca atual é de 2,48 m, sendo a média de 3,37 m.

No estado de Mato Grosso, os níveis também são menores do que era esperado para esse período. Na capital, Cuiabá, o rio está em 1,94 m, e a média é de 3,12 m. Em Barra do Bugres (MT), a marca é de 1,08 m, sendo o esperado de 3,36 m