Sen. Durbin: “Você se sentiria confortável em compartilhar conosco o nome do hotel onde você esteve ontem à noite?”
Sen. Durbin: “Se você enviou mensagens a alguém esta semana, você compartilharia conosco os nomes das pessoas com quem você trocou mensagens?”
Sen. Durbin: “Talvez seja isso, precisamente, sobre o que estamos falando: o seu direito à privacidade.”
(Depoimento de Mark Zuckerberg ao Senado americano sobre o caso Cambridge Analytica)
O que é Social Cooling?
O que parecia distante – só existente em livros ou séries de TV – se torna realidade. O incômodo de nos sentirmos vigiados se torna mais intenso quando vem à tona um escândalo como o do Facebook e Cambridge Analytica. Sim, você está sendo vigiado.
Por medo da sua reputação digital limitar suas oportunidades, as pessoas não querem correr riscos, portanto, se autocensuram. Alguns dos efeitos negativos são:
Conformidade – Deixamos de clicar em certos links por medo de sermos rastreados.
Aversão ao risco – Os sistemas de classificação podem criar incentivos indesejados e aumentar a pressão para adequar-se a uma média burocrática.
Rigidez social – Nossas reputações digitais limitam nossa vontade de nos manifestar e protestar. Isso é uma forma de controle social. Nos tornamos mais “bem comportados”.
Social Cooling e a Marca Pessoal
“A ação humana, na medida em que está inserida na interação social, é sempre assombrada por uma relação instável ou ambivalente entre ser e aparentar, entre quem somos em particular e quem professamos publicamente ser.” – Gloria Origgi
O princípio fundamental da marca pessoal é que ela se baseia em identidade e autenticidade. Outro, é que deve haver coerência na expressão de quem você é em todos os meios: off-line e online. Isto é, quem sou e o que falo numa interação face a face é o mesmo nas redes. Mas, em um mundo onde a privacidade parece estar desaparecendo e onde os algoritmos “decidem” nosso valor, posso ser eu mesma? Se sei que recebo uma nota com base nas pessoas com quem me relaciono, causas que apoio, etc., vale a pena ser autêntica?
No personal branding, as decisões sobre nossa comunicação se baseiam no posicionamento que desejamos. E este tem como base nossa essência e atributos. Quando as pessoas começam a se sentir vigiadas, passam a se expressar de forma mais controlada e menos autêntica.
Essas questões trazem uma discussão importante. Se as pessoas começarem a se expressar somente para ter uma boa ficha, perde-se a essência da marca pessoal e de sua gestão. O parecer irá se sobrepor ao ser. Infelizmente.
* Ilana Berenholc é consultora em Presença Executiva e Liderança e Pós graduada em Personal Branding pela Faculdade de Comunicação Blaquerna – Barcelona. Sua gestão estratégica de imagem auxilia profissionais de grandes companhias em seus processos de transformação e ascensão. Além disso, oferece cursos sobre Personal Branding como estratégia na gestão de carreira e gestão da imagem profissional para empresas e executivos.