Brasília, 24 de junho de 2025 – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi intimado a comparecer nesta terça-feira (24) à acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid e o general Braga Netto, no Supremo Tribunal Federal (STF). Ambos são réus na ação penal que investiga a trama golpista articulada após as eleições de 2022.
STF promove confronto direto entre réus do golpe
A acareação, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, foi solicitada pelas defesas após os interrogatórios realizados nos dias 9 e 10 de junho, e ocorrerá na sede do STF. O objetivo é esclarecer contradições nos depoimentos de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa.
Ambos são peças-chave na investigação do núcleo central da tentativa de golpe de Estado, que, segundo a denúncia, visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022.
Bolsonaro pode comparecer, mas presença é incerta
O Diário Carioca apurou que, além dos réus diretamente envolvidos, o próprio Jair Bolsonaro foi formalmente intimado a acompanhar a acareação, assim como seus advogados. A presença, no entanto, é incerta. Segundo relatos, Bolsonaro enfrenta um quadro de pneumonia, o que pode ser utilizado como justificativa para não comparecer.
Ainda assim, fontes ligadas ao processo indicam que a expectativa no STF é de que a eventual ausência do ex-presidente seja devidamente justificada sob pena de medidas processuais cabíveis.
Outra acareação envolve Anderson Torres e Freire Gomes
Além do encontro entre Cid e Braga Netto, está programada uma segunda acareação entre o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, também réu na ação penal, e o general Freire Gomes, então comandante do Exército, que participa na condição de testemunha de acusação.
Freire Gomes, que resistiu às pressões para aderir ao plano golpista, tem sido considerado peça central para desmontar a narrativa de inocência de alguns dos réus militares.
O que está em jogo na acareação no STF
O Supremo busca esclarecer divergências cruciais sobre os bastidores da conspiração. Enquanto Mauro Cid tem colaborado e detalhado as reuniões e ordens recebidas, Braga Netto nega qualquer envolvimento direto nas tratativas para ruptura institucional.
A acareação visa testar a credibilidade dos relatos e confrontar, presencialmente, as versões apresentadas. O resultado desse embate jurídico pode influenciar não apenas a sentença dos réus, mas também o andamento de investigações correlatas que seguem em curso no STF e na Polícia Federal.
O Carioca Esclarece
Acareação é um ato processual em que duas ou mais pessoas são colocadas frente a frente, na presença do juiz, para esclarecer contradições existentes entre seus depoimentos. No Brasil, é um recurso previsto no Código de Processo Penal.
FAQ – Perguntas Frequentes
Bolsonaro é obrigado a comparecer à acareação?
Ele foi intimado e deve justificar formalmente caso não compareça. Se não apresentar justificativa plausível, pode sofrer sanções processuais.
Qual o objetivo da acareação entre Mauro Cid e Braga Netto?
Esclarecer contradições nos depoimentos sobre a articulação da tentativa de golpe de Estado, incluindo ordens, reuniões e responsabilidades.
O que acontece se as contradições não forem resolvidas?
O juiz, no caso o STF, poderá avaliar quem apresentou versões mais consistentes, impactando diretamente na decisão final do processo.