O Relógio da Glória, um dos marcos históricos da cidade do Rio de Janeiro, completa 120 anos nesta terça-feira, mantendo seu mecanismo original e estrutura preservada. Instalado na Rua Augusto Severo, no bairro da Glória, o monumento é símbolo da urbanização iniciada no início do século XX.
A peça passou por uma manutenção completa realizada pela Secretaria Municipal de Conservação (Seconserva), que incluiu revisão no mecanismo, limpeza, pintura e conserto da caixa de ferro fundido.
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Patrimônio cultural do Rio
O relógio, tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), possui quatro faces com algarismos romanos e repousa sobre uma coluna de granito esculpida. A estrutura impressiona por ainda funcionar sem qualquer programação eletrônica.
Segundo o técnico José Mendes Neto, de 63 anos, responsável pela manutenção há 25 anos, o relógio segue operando da mesma forma desde 1905.
Técnica de funcionamento
O sistema funciona com um peso de 60 quilos, suspenso manualmente por um cabo de aço. “No ato de dar corda, nós colocamos uma chave num eixo e suspendemos o peso, o que dá autonomia de quatro dias”, explica Mendes.
O técnico aprendeu o ofício com o pai, Manoel Francisco Mendes, um imigrante português que iniciou sua carreira trabalhando de forma voluntária em uma relojoaria.
Resistência histórica
Apesar da simplicidade mecânica, o sistema exige atenção. Mendes relata que já precisou parar o relógio por motivos inesperados. “Uma vez, uma barata entrou na engrenagem e fez o relógio parar”, relembra.
Atualmente, o Relógio da Glória é o único equipamento público da cidade que ainda preserva o mecanismo original. Outros, como os do Largo da Carioca e do Méier, foram convertidos para sistemas eletrônicos.
Importância cultural
O secretário Diego Vaz, da Seconserva, afirma que o relógio representa mais do que um instrumento para marcar o tempo. “É um símbolo de identidade e de pertencimento. Restaurá-lo é devolver ao carioca um pedaço da sua própria história”, diz.
Herança da modernização
Inaugurado em 15 de abril de 1905, o relógio fez parte das obras de modernização comandadas pelo prefeito Pereira Passos, que buscava transformar o Rio em uma cidade moderna.
A peça, com material francês e mecanismo instalado pelo relojoeiro alemão Frederich Krussman, simbolizava o progresso urbano do início do século XX.
Mais de um século depois, o monumento segue em pé, representando a história viva da cidade e resistindo ao tempo como testemunho da memória carioca.