Abusos

Presidente da CDDHC da Alerj denuncia ausência de investigação e câmeras corporais em operação letal no Rio

Dani Monteiro classifica megaoperação como a maior violação do Estado desde o Massacre do Carandiru.

Juliana Martins
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Juliana Martins é jornalista carioca focada em cultura, eventos e vida urbana no Rio de Janeiro. Seu trabalho destaca histórias do cotidiano e curiosidades locais, conectando...
Dani Monteiro, deputada estadual do Rio de Janeiro pelo PSOL. — Divulgação/Dani Monteiro

A deputada Dani Monteiro (PSOL), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (CDDHC), criticou duramente a falta de investigações prévias e o uso insuficiente de câmeras corporais na Operação Contenção, que resultou em cerca de 120 mortes nos Complexos do Alemão e Penha. A parlamentar participou de atendimentos às famílias das vítimas e acompanhou os desdobramentos da ação nos territórios afetados.

Em nota, Dani Monteiro classificou o episódio como uma “chacina no Rio”, preocupada com a discrepância nos números oficiais e extraoficiais de mortos, apontando tentativa do governo estadual de oscilar dados para enfraquecer seu discurso. Ela lembrou que a ONU solicitou esclarecimentos ao governo brasileiro sobre o ocorrido, reforçando o histórico nacional de condenações por violações em operações policiais.

Monteiro chamou a operação de “maior violação cometida pelo Estado na história da nossa redemocratização”, fazendo uma paráfrase direta ao Massacre do Carandiru de 1992, em que 111 detentos foram mortos pela Polícia Militar. Para a deputada, mais de seis mortos numa intervenção qualificam o evento como chacina.

A parlamentar destacou a necessidade de investigação prévia para que se confirme o envolvimento das vítimas com o crime organizado antes dos confrontos, algo que não ocorreu, assim como a ausência de uso eficiente de câmeras corporais para filmar as reações no confronto.

Dani Monteiro rebateu a afirmação do governador Cláudio Castro, que classificou todos os mortos, exceto policiais, como criminosos, e alertou que o discurso é leviano e não baseado em confirmações. A parlamentar reforçou que o Estado precisa aplicar a justiça com respeito aos direitos humanos, e que o atual cenário do Rio é “um retrato de Estado que perdeu qualquer limite”.

A CDDHC oficiou órgãos como Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar e Conselho Nacional do Ministério Público para requerer informações detalhadas sobre o planejamento e execução da operação, solicitando especial atenção ao uso da força.

Por fim, Dani expressou solidariedade às famílias das vítimas, afirmando que “todas as vidas importam” e que a violência não pode ser utilizada como política pública governamental.

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Juliana Martins é jornalista carioca focada em cultura, eventos e vida urbana no Rio de Janeiro. Seu trabalho destaca histórias do cotidiano e curiosidades locais, conectando os leitores com a cidade de forma leve e envolvente.