Três homens foram presos e um adolescente apreendido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na manhã deste domingo (20), acusados de organizar o assassinato de um homem em situação de rua. O crime seria transmitido ao vivo pela internet, com motivações ideológicas ligadas ao aniversário de Adolf Hitler, segundo as investigações.
A Operação Desfaçatez, conduzida com apoio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e do Ciberlab do Ministério da Justiça, ocorreu nos bairros de Vicente de Carvalho e Bangu. A polícia agiu rapidamente para impedir o homicídio que seria exibido online como parte de uma rede criminosa ativa na internet.
Grupo extremista usava Discord para planejar crimes
A delegada Maria Luiza Arminio Machado, responsável pelo caso, explicou que o grupo investigado mantinha uma organização digital, onde promovia crimes graves. O plano de assassinato estava vinculado a uma simbologia neonazista. “Eles pretendiam matar um morador de rua no dia do aniversário de Hitler e transmitir ao vivo”, disse a delegada.
O grupo utilizava o aplicativo Discord para disseminar conteúdo violento e praticar delitos como:
- Maus-tratos a animais
- Estupro virtual
- Racismo
- Tortura
- Incitação à automutilação
- Estímulo a assassinatos
As ações começavam no ambiente virtual, mas já causavam danos concretos e violentos fora da internet.
Bruce liderava o servidor de crimes virtuais
Entre os presos está Bruce Vaz de Oliveira, que mantinha uma fachada de defensor dos direitos dos animais. Nas redes sociais, se apresentava como ativista da ONU e mediador de conflitos internacionais. Porém, segundo a Polícia Civil, ele liderava transmissões ao vivo de tortura e morte de gatos, inclusive com dissecação de animais vivos.
“Bruce adotava animais para dissecação ao vivo. É um psicopata. Temos até um documento do governo americano que o liga a uma célula terrorista”, afirmou o delegado Felipe Curi, secretário de Polícia Civil do RJ.
Outros membros tinham histórico de crimes diversos
- Kayke Sant Anna Franco foi apontado como o principal planejador do assassinato. Ele responde por acusações de maus-tratos, indução à automutilação, estupro, incitação ao crime e corrupção de menores.
- Caio Nicholas Augusto Coelho é investigado por participação em torturas e por incentivar ataques a moradores de rua. Ele também responde por racismo, associação criminosa e corrupção de menores.
- Um adolescente foi apreendido por envolvimento direto na tentativa de assassinato.
Polícia apreende provas e amplia investigação
A operação também cumpriu mandados de busca e apreensão. Computadores, celulares e dispositivos de armazenamento foram recolhidos e passarão por perícia.
O nome da operação, Desfaçatez, faz referência à atitude dos investigados, que escondiam suas práticas criminosas sob uma imagem pública positiva. As autoridades continuam investigando o envolvimento de mais pessoas e monitorando fóruns digitais extremistas.
“Vamos continuar avançando contra esse tipo de organização criminosa”, afirmou o delegado Felipe Curi.