A Polícia Civil do Rio de Janeiro anunciou nesta quarta-feira (29) que instaurou inquérito para apurar a remoção dos corpos encontrados na mata do Complexo da Penha, após a megaoperação contra o Comando Vermelho, que resultou em mais de 130 mortos, segundo levantamento conjunto da Defensoria Pública. A ação será investigada como possível fraude processual, já que a retirada não foi autorizada e pode comprometer a coleta de provas e a reconstrução dos fatos do confronto.
Moradores e ativistas agiram para retirar dezenas de corpos da mata e os levaram para a Praça de São Lucas, onde ficaram expostos em um protesto contra a demora no recolhimento oficial. Vídeos e imagens que viralizaram mostraram os corpos alinhados sob lonas, com familiares buscando identificar desaparecidos.
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, caracterizou a ação como uma “mágica” dos corpos, uma vez que muitos cadáveres apareceram em condições divergentes das registradas nas imagens iniciais do confronto, com vestimentas e marcas suspeitas que podem indicar adulteração da cena criminal para desqualificar os agentes policiais.
De acordo com relatos, a operação gerou apontamentos graves de violações, incluindo ferimentos por faca e marcas de tortura em alguns corpos, além de uma suposta troca proposital de roupas para incriminar policiais. A Polícia Civil afirma que os responsáveis pela remoção podem responder criminalmente, pois extrapolaram a competência do Estado, que é garantir o tratamento digno, a investigação adequada e a preservação da cena do crime.
A megaoperação, batizada de Operação Contenção, envolveu 2.500 agentes e foi resultado de mais de um ano de investigações para conter o avanço do Comando Vermelho no estado. Além dos mortos, 113 pessoas foram presas e 10 menores apreendidos.
A situação escancarou falhas no controle estatal sobre a gestão da cena do crime em ambientes de conflito armado urbano, ao mesmo tempo em que expõe o sofrimento das comunidades que sentem o peso da violência letal e da ausência do Estado.
A perícia independente, conduzida pelo Ministério Público estadual, busca garantir transparência e identificar todas as responsabilidades nas mortes e na manipulação das cenas. As investigações prosseguem para esclarecer os fatos e cobrar responsabilidades.

 
			 
		 
		 
		 
		 
		

 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
                                
                              
		 
		 
		 
		 
		 
		