Plano de Ação

Governo Federal rejeita GLO no Rio e aposta em ação integrada contra o Comando Vermelho

Planalto descarta o uso das Forças Armadas e prioriza cooperação entre polícias, Exército e Ministério da Justiça para conter a crise de segurança no Rio de Janeiro.

Vanessa Neves
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Vanessa Neves
Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.
Foto: RS/Fotos Públicas

O governo federal, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, descartou nesta terça-feira (28) a adoção da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Rio de Janeiro, mesmo diante da escalada de violência após uma operação policial que deixou 64 mortos. O Planalto reafirma que não pretende empregar as Forças Armadas nas favelas e aposta em uma nova estratégia de integração entre polícias, Ministério da Justiça e Exército, centrada na inteligência e na coordenação tática das ações.


Integração no lugar da intervenção militar

Fontes próximas ao presidente informaram que o Palácio do Planalto decidiu priorizar o planejamento conjunto entre a Polícia Federal, a Polícia Civil e Militar do Rio, o Ministério da Justiça e o Exército. O objetivo é romper com o modelo de operações isoladas e reforçar o compartilhamento de dados e estratégias. A presença federal será, portanto, ativa no planejamento e execução das ações, e não limitada ao fornecimento de equipamentos.

Essa decisão marca uma ruptura com o modelo de intervenções militares adotado em governos anteriores, que resultaram em alto custo humano e baixa efetividade. O governo defende que a violência fluminense deve ser enfrentada com políticas de segurança cidadã e investimento em inteligência — e não com ocupações militares temporárias que historicamente agravaram as tensões nas comunidades.

“O papel do governo federal é coordenar, não militarizar”, disse um assessor do Ministério da Justiça, sob reserva, reafirmando a linha adotada por Lula desde o início do mandato.


Operação de Castro é vista como desastrosa

A operação comandada pelo governador Cláudio Castro (PL), que contou com apoio do Ministério Público do Rio, foi classificada por auxiliares do presidente como “desastrosa”. O Planalto avalia que o confronto direto com o Comando Vermelho, sem suporte estratégico federal, resultou em uma tragédia desnecessária e politicamente explorada.

Cláudio Castro chegou a acusar o governo federal de omissão, alegando ter ficado “sozinho” e sem apoio logístico, como o uso de blindados. No entanto, o Ministério da Defesa esclareceu que a liberação desse tipo de equipamento só é possível sob decreto de GLO, medida que Lula rejeita por princípio democrático e por considerar que o uso do Exército em ações de policiamento interno fere a Constituição e banaliza as funções das Forças Armadas.


Limites legais e nova diretriz de segurança pública

Segundo técnicos da Defesa, a GLO só pode ser acionada em “situações excepcionais de grave perturbação da ordem pública”, mediante decreto presidencial. No atual contexto, o governo entende que as instituições fluminenses têm condições de atuar com apoio técnico federal.

O Ministério da Justiça prepara um plano de cooperação permanente, com base em dados de inteligência compartilhados entre Polícia Federal, Exército e Secretaria de Segurança Pública do Rio. Além disso, a União estuda o envio de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública e ampliação de convênios com o estado.

“O enfrentamento ao crime organizado no Rio não pode ser episódico. É preciso estratégia e integração”, declarou uma fonte da Casa Civil após a reunião emergencial.


Reunião no Planalto busca reduzir tensões

Para conter a crise e coordenar respostas, o presidente em exercício Geraldo Alckmin reuniu, em Brasília, os ministros Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e representantes do Ministério da Justiça e da Polícia Federal.

A orientação de Lula é clara: evitar o confronto político com o governador e fortalecer a cooperação institucional. O Planalto aposta em uma agenda conjunta com o governo estadual para reverter o quadro de violência, sem recorrer ao expediente militar.

Essa decisão reforça a visão do governo de que a GLO deve ser um último recurso — e não um instrumento de disputa política. Para o Planalto, a segurança pública precisa ser reconstruída sobre bases republicanas, com foco na prevenção, na inteligência e na defesa da vida.

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Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.