O governo federal anunciou o envio de uma comitiva ao Rio de Janeiro para discutir a escalada da violência e a crise de segurança após a operação policial mais letal da história do estado, que deixou mais de 60 mortos nos complexos do Alemão e da Penha. A equipe, liderada pelos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e Rui Costa (Casa Civil), pretende se reunir com o governador Cláudio Castro (PL) para coordenar medidas emergenciais e reafirmar o compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a defesa da vida e o combate ao crime organizado com base na integração, não na militarização.
Missão federal: integração e reconstrução da segurança pública
Segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, a comitiva será composta por Lewandowski, Rui Costa e o diretor-executivo da Polícia Federal, William Marcel Murad. O grupo desembarcará no Rio para supervisionar o trabalho da Força Nacional e discutir novas diretrizes de atuação conjunta entre o Ministério da Justiça, o governo fluminense e as forças locais.
O envio da comitiva reflete a preocupação do Planalto com o agravamento da crise e a necessidade de reverter o clima de tensão política entre Brasília e o Palácio Guanabara. Segundo o Ministério da Justiça, o objetivo é “restabelecer a normalidade e proteger a população civil”, priorizando ações coordenadas e a inteligência policial.
“O governo Lula está à disposição do governador. Nossa prioridade é proteger a população e reconstruir a segurança pública com responsabilidade e diálogo”, afirmou Ricardo Lewandowski em nota oficial.
A presença federal no Rio também simboliza o fim de uma fase de isolamento político imposta por Cláudio Castro, que vinha reclamando de falta de apoio logístico e institucional. Fontes do Planalto avaliam que o governador tenta transferir responsabilidades após o fracasso da operação que chocou o país e expôs o colapso das políticas estaduais de segurança.
Operação mais letal da história do Rio expõe crise política
A ação, realizada na manhã desta terça-feira (28), mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, com o objetivo de capturar 100 integrantes do Comando Vermelho. Segundo dados do Palácio Guanabara, 81 pessoas foram presas, quatro policiais morreram e dezenas de suspeitos foram mortos.
O resultado foi um rastro de destruição e indignação: ataques a ônibus, bloqueios em rodovias e confrontos em áreas densamente povoadas da Região Metropolitana. Especialistas em segurança classificam a operação como um “retrocesso brutal”, afirmando que a letalidade policial no Rio voltou a patamares alarmantes, mesmo após a retomada de políticas de integração iniciadas pelo governo federal.
Para o Planalto, o episódio reforça a necessidade de abandonar estratégias militarizadas e adotar um modelo de segurança pública baseado em inteligência, cooperação institucional e investimento social. A avaliação é de que ações unilaterais — sem coordenação federal — agravam o conflito e isolam o estado em meio ao avanço das facções criminosas.
Reaproximação entre Planalto e Guanabara é prioridade de Lula
Fontes ligadas à Casa Civil confirmaram que o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, tem acompanhado pessoalmente as tratativas para o encontro com Cláudio Castro. A ordem de Lula é clara: evitar embates públicos e promover uma reaproximação institucional que permita a implementação de um plano integrado de segurança.
A iniciativa ocorre paralelamente à decisão do Planalto de descartar a adoção de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no estado — como defendido por setores conservadores. O governo entende que a presença das Forças Armadas em ações de policiamento interno é ineficaz e inconstitucional. Em vez disso, aposta em reforço da Polícia Federal, ampliação do uso de tecnologia e aumento do investimento em inteligência criminal.

 
			 
		 
		 
		 
		 
		

 
		 
		 
		 
		 
		 
		 
                                
                              
		 
		 
		 
		 
		 
		