Uma grande quantidade de espuma tóxica voltou a cobrir a unidade de tratamento de rios da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), em Queimados, na Baixada Fluminense. O fenômeno, que já se tornou recorrente na bacia do Rio Guandu, foi registrado no domingo (24) e reforça a fragilidade do sistema hídrico fluminense.
Apesar da presença do resíduo, a Cedae garantiu que a poluição não atingiu a captação da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu. Segundo a empresa, a qualidade e o volume da água distribuída para a população não foram alterados.
Origem da espuma segue desconhecida
Técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) realizaram uma vistoria no Distrito Industrial da região, mas não conseguiram identificar a origem da espuma. A falta de respostas concretas e a repetição do evento expõem a ineficiência do poder público em fiscalizar e punir os responsáveis pela contaminação do rio que abastece mais de nove milhões de pessoas na Região Metropolitana. A situação se agrava com a recorrente poluição industrial na região.
Apesar da negativa da Cedae sobre o impacto imediato na qualidade da água, a água do Guandu tem sido historicamente afetada por poluição, o que levanta questionamentos sobre a segurança a longo prazo. O caso mais notório, a crise de geosmina, escancarou a vulnerabilidade do sistema e a falta de investimentos em saneamento básico e fiscalização ambiental. A persistência da poluição, agora visível na forma de espuma, demonstra o fracasso do Estado em proteger um dos seus bens mais essenciais.
O futuro incerto da água no Rio de Janeiro
A reincidência de episódios de poluição no Rio Guandu é um reflexo do descaso com o meio ambiente e a saúde pública. A falta de responsabilização dos poluidores e a omissão do poder público resultam em um ciclo vicioso de degradação ambiental que coloca em risco o acesso à água potável para milhões de fluminenses.
Ainda que a Cedae afirme que a qualidade da água não foi afetada, a imagem da espuma na unidade de tratamento serve como um lembrete do perigo iminente. O episódio sublinha a necessidade de medidas mais eficazes de fiscalização e punição, bem como a urgência de um debate sério sobre a gestão dos recursos hídricos.


