O governador Cláudio Castro fez duras acusações ao governo federal, já desmentidas pela união, afirmando que o estado do Rio de Janeiro está sozinho no enfrentamento ao crime organizado durante a maior e desastrosa operação policial da história recente do Rio, que ocorre nos complexos do Alemão e da Penha.
Segundo ele, o Executivo federal negou três pedidos de apoio, utilizando diferentes justificativas para se recusar a colaborar, quando na verdade o que o mandatário desejava era obter empréstimos de blindados.
Nesta terça-feira (28), a megaoperação da polícia resultou em pelo menos 22 mortes em confrontos violentos, evidenciando a gravidade e a complexidade da ação que mobiliza centenas de agentes. Castro destacou que a solicitação para empréstimo de blindados foi vetada sob a alegação de que só poderiam ser usados em uma Garantia da Lei e da Ordem (Garantia da Lei e da Ordem, GLO), procedimento que o presidente Lula seria contra.
Castro tenta culpar o governo federal por sua incompetência na segurança pública
O governador enfatizou o contexto difícil: “Tivemos pedidos negados 3 vezes: para emprestar o blindado, tinha que ter GLO, e o presidente [Lula] é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando”. Essa postura ficou marcada pela recusa à integração das forças federais e estaduais, mesmo com o avanço do crime organizado financiado por lavagem de dinheiro, armas e drogas em território carioca. Castro classificou a operação como uma “operação de defesa” e um “estado de defesa”, ressaltando que ultrapassou as competências estaduais e que, portanto, deveria haver maior cooperação federal, o que não ocorreu. Ele reafirmou a observância rigorosa da ADPF 635, na qual reforçou ter o acompanhamento do Ministério Público, garantindo legitimidade legal à ação.
Mais Notícias
Entretanto, as declarações do governador foram duramente contestadas pelo governo federal, que desmentiu a narrativa de falta de colaboração e apontou o despreparo do Executivo estadual para a coordenação da operação, evidenciando uma crise de gestão na segurança pública do Rio de Janeiro e fragilização institucional.
Megaoperação e impactos sociais: confronto em regiões de mata e caos urbano
A operação realizada pelo estado visa combater o avanço da facção do Comando Vermelho (CV) em 26 comunidades do Alemão e da Penha. Conforme explicado pelo secretário de Segurança, Victor Santos, trata-se de uma área de aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de “desordem”, que abriga mais de 280 mil pessoas. Santos afirmou que a logística é toda de responsabilidade estadual, sem apoio governamental federal. Durante a ação, traficantes reagiram com barricadas em chamas, tiroteios e lançamento de bombas via drones, evidenciando o alto grau de organização do crime.
Apesar da violência, Castro ressaltou que a operação foi planejada para minimizar o impacto na população, concentrando os confrontos principalmente em áreas de mata. Ainda assim, vítimas e feridos fazem parte do cenário preocupante, reforçando a urgência de soluções integradas e efetivas.
Contexto político da segurança no Rio de Janeiro
Desde o início do mandato, o governo Cláudio Castro tem enfrentado críticas severas pela gestão da segurança pública no Rio. A interpretação das ações como falhas e o uso político das recusas federais emergem no debate público. A ausência de blindados e agentes federais, assim como a negativa do governo Lula ao emprego da GLO, fomentam a percepção de um quadro de crise institucional e de desgaste político entre os níveis estadual e federal.



