Estado Bruto

Com mediação de Glauber Braga e Reimont, famílias de mortos na chacina na Penha protestam e são reprimidos pela polícia com gás de pimenta

Protestos bloquearam via na Francisco Bicalho; falta de informações e altos custos funerários agravam sofrimento das vítimas

JR Vital
por
JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Famílias reclamam de demora para liberação de corpos na Operação Contenção no Rio

A tragédia da megaoperação policial conhecida como Operação Contenção, que deixou 121 mortos no Complexo do Alemão e Penha no Rio de Janeiro, segue provocando sofrimento e indignação. Familiares das vítimas enfrentam longas esperas para liberação dos corpos, demora no processo de perícia e falta de informação oficial, o que motivou protestos com bloqueios na pista da Avenida Francisco Bicalho.

Durante a manifestação, o deputado federal Glauber Braga, do PSOL, e militantes buscaram mediar o diálogo com o governo, mas foram recebidos com gás de pimenta pela polícia, intensificando o clima de tensão e revolta nas comunidades.

Muitos familiares relatam a angústia da espera e a impossibilidade de enterrar seus entes queridos dignamente. Um exemplo é o trabalhador Samuel Peçanha, que busca informações sobre o filho Michel, de 14 anos, desaparecido após participar de um baile funk na Penha.

Casos de extrema violência marcados por relatos de corpos decapitados — como o de Yago Ravel, de 19 anos, que teve a cabeça encontrada em uma árvore — chocam e denunciam o horror da operação, apontada por críticos como uma “carnificina”.

De acordo com o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, a previsão é que as identificações dos mortos sejam concluídas até o final da semana, com cerca de 100 corpos identificados até o momento. O Instituto Médico Legal (IML) da capital está dedicado exclusivamente à perícia dos corpos da operação, enquanto um posto do Detran, próximo ao IML, oferece atendimento às famílias.

Além da demora para liberação, muitas famílias enfrentam dificuldades financeiras para custear sepultamentos particulares, que chegam a R$ 4 mil, ou se veem obrigadas a aceitar enterros gratuitos em condições precárias, com caixões fechados e sem velório. A Defensoria Pública organizou um serviço de apoio para orientar e facilitar o acesso às opções gratuitas, embora critique as condições impostas.

A operação policial envolveu aproximadamente 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, com objetivo declarado de conter o avanço do Comando Vermelho (CV) e cumprir cerca de 100 mandados de prisão e 180 de busca e apreensão. Acusações de graves excessos e violações de direitos humanos motivam debates e investigações que ainda estão em curso.

O impacto social da operação, além de humanitário, envolve a necessidade urgente de transparência, responsabilização e políticas públicas que preservem vidas e direitos, promovendo segurança e justiça verdadeira.

https://www.diariocarioca.com/wp-content/uploads/2025/09/Parimatch-728-90.jpg
Seguir:
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.