Na manhã desta terça-feira, 02/09, ocorreu a audiência pública da Comissão Especial do Carnaval para debater o uso da Praça Paris nos ensaios de blocos de rua, no Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na Cinelândia.
O debate foi motivado pelo episódio em que a Subprefeitura do Centro anunciou, em publicação no Instagram, o fechamento da Praça Paris, na Glória, às 17h — decisão rapidamente retirada, sob alegação de “mal-entendido”, mas que gerou insegurança sobre o uso do espaço público.
CARTA-MANIFESTO PELA PRAÇA PARIS VIVA
Nós, coletivos culturais, blocos de carnaval e cidadãos que reconhecem a importância da arte como prática pública e comunitária, manifestamos nossa profunda preocupação e indignação com a suposta decisão da Prefeitura do Rio de Janeiro (GEL-Glória) de proibir ensaios e atividades culturais na Praça Paris.
A medida, anunciada sem consulta prévia às comunidades diretamente envolvidas, ignora a história recente do espaço e o papel que os coletivos desempenharam na sua revitalização. Há mais de dez anos, a ocupação artística da praça transformou um local ermo e inseguro em espaço vivo, iluminado pela presença de pessoas, ritmos e encontros. O que hoje é celebrado como símbolo de convivência democrática, já foi território do medo e do abandono.

Nossas compreensões e críticas:
O direito à cidade é inegociável: O carnaval e as artes de rua fazem parte da identidade cultural do Rio de Janeiro e não podem ser tratados como perturbação, mas como patrimônio vivo.
Falta diálogo: A decisão da Prefeitura foi arbitrária, sem escuta às populações usuárias do espaço: artistas, frequentadores, moradores e visitantes.
Gentrificação e exclusão: Ao transferir os coletivos para áreas inseguras e sem infraestrutura, a medida esvazia a vida cultural da Glória e antecipa processos de elitização do território, afastando a população trabalhadora e popular.
Insegurança do Passeio Público: A proposta de deslocamento ignora a falta de iluminação, de segurança e de condições adequadas no Passeio Público.
Nossas propostas: Garantia de permanência na Praça Paris, com respeito ao limite de som até 22h e a definição de regras claras e pactuadas de uso.
Estrutura mínima para atividades culturais, incluindo iluminação, banheiros, bebedouros e presença efetiva da Guarda Municipal para segurança de todos.
Uso inteligente do espaço: A Praça Paris é ampla, a ponta voltada para a Lapa, mais afastada das residências, pode receber ensaios maiores se for devidamente iluminada e equipada.
Revitalização do Passeio Público em parceria com coletivos culturais: Somos a favor de construir coletivamente novas áreas de convivência, desde que haja diálogo, infraestrutura e segurança — não como imposição ou expulsão.
Criação de um fórum permanente de diálogo entre Prefeitura, moradores, coletivos e especialistas, garantindo participação popular nas decisões sobre o uso dos espaços públicos.
Nossa perspectiva: A arte de rua é motor de vida urbana, segurança e pertencimento. É por meio dela que milhares de pessoas encontram sentido de comunidade, lazer e expressão cultural. Impedir os ensaios na Praça Paris não resolve o problema do barulho, apenas esvazia e criminaliza.
Seguiremos firmes na defesa da cultura popular como direito coletivo, na luta por cidades mais democráticas e no compromisso de ocupar nossos espaços de forma criativa, responsável e solidária.
Praça Paris viva, cultural e popular. Carnaval é resistência, é direito à cidade!Assinam os blocos:
- A Banda
- Alto Astral
- A Nova Bad
- Banheira do Gugu
- Besame Mucho
- Bloco das Tubas
- Bloco do Zeca
- Bloco Planta na Mente
- Cordão do Me Enterra na Quarta
- Canários do Reino
- Fanfarra Maldita
- Labirintos Públicos
- Marimbondo Não Respeita
- Mistério Há de Pintar Por Aí
- Mixtape
- Não Monogamia Gostoso Demais
- Nova Bad
- Os Siderais
- Oficina da Rua
- Sambrass
- Sinfônica Ambulante
- Skabloco
- Summer Eletro Bloco
- Tumcurá
- Vem Cá Minha Flor


