Defesa

Blocos cariocas publicam carta-manifesto pela Praça Paris Viva

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
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Na manhã desta terça-feira, 02/09, ocorreu a audiência pública da Comissão Especial do Carnaval para debater o uso da Praça Paris nos ensaios de blocos de rua, no Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na Cinelândia.

O debate foi motivado pelo episódio em que a Subprefeitura do Centro anunciou, em publicação no Instagram, o fechamento da Praça Paris, na Glória, às 17h — decisão rapidamente retirada, sob alegação de “mal-entendido”, mas que gerou insegurança sobre o uso do espaço público.

CARTA-MANIFESTO PELA PRAÇA PARIS VIVA

Nós, coletivos culturais, blocos de carnaval e cidadãos que reconhecem a importância da arte como prática pública e comunitária, manifestamos nossa profunda preocupação e indignação com a suposta decisão da Prefeitura do Rio de Janeiro (GEL-Glória) de proibir ensaios e atividades culturais na Praça Paris.

A medida, anunciada sem consulta prévia às comunidades diretamente envolvidas, ignora a história recente do espaço e o papel que os coletivos desempenharam na sua revitalização. Há mais de dez anos, a ocupação artística da praça transformou um local ermo e inseguro em espaço vivo, iluminado pela presença de pessoas, ritmos e encontros. O que hoje é celebrado como símbolo de convivência democrática, já foi território do medo e do abandono.

BLOCOS CARIOCAS PUBLICAM CARTA-MANIFESTO PELA PRAÇA PARIS VIVA
BLOCOS CARIOCAS PUBLICAM CARTA-MANIFESTO PELA PRAÇA PARIS VIVA

Nossas compreensões e críticas:

O direito à cidade é inegociável: O carnaval e as artes de rua fazem parte da identidade cultural do Rio de Janeiro e não podem ser tratados como perturbação, mas como patrimônio vivo.

Falta diálogo: A decisão da Prefeitura foi arbitrária, sem escuta às populações usuárias do espaço: artistas, frequentadores, moradores e visitantes.

Gentrificação e exclusão: Ao transferir os coletivos para áreas inseguras e sem infraestrutura, a medida esvazia a vida cultural da Glória e antecipa processos de elitização do território, afastando a população trabalhadora e popular.

Insegurança do Passeio Público: A proposta de deslocamento ignora a falta de iluminação, de segurança e de condições adequadas no Passeio Público.

Nossas propostas: Garantia de permanência na Praça Paris, com respeito ao limite de som até 22h e a definição de regras claras e pactuadas de uso.

Estrutura mínima para atividades culturais, incluindo iluminação, banheiros, bebedouros e presença efetiva da Guarda Municipal para segurança de todos.

Uso inteligente do espaço: A Praça Paris é ampla, a ponta voltada para a Lapa, mais afastada das residências, pode receber ensaios maiores se for devidamente iluminada e equipada.

Revitalização do Passeio Público em parceria com coletivos culturais: Somos a favor de construir coletivamente novas áreas de convivência, desde que haja diálogo, infraestrutura e segurança — não como imposição ou expulsão.

Criação de um fórum permanente de diálogo entre Prefeitura, moradores, coletivos e especialistas, garantindo participação popular nas decisões sobre o uso dos espaços públicos.

Nossa perspectiva: A arte de rua é motor de vida urbana, segurança e pertencimento. É por meio dela que milhares de pessoas encontram sentido de comunidade, lazer e expressão cultural. Impedir os ensaios na Praça Paris não resolve o problema do barulho, apenas esvazia e criminaliza.

Seguiremos firmes na defesa da cultura popular como direito coletivo, na luta por cidades mais democráticas e no compromisso de ocupar nossos espaços de forma criativa, responsável e solidária.

Praça Paris viva, cultural e popular. Carnaval é resistência, é direito à cidade!Assinam os blocos:

  • A Banda
  • Alto Astral
  • A Nova Bad
  • Banheira do Gugu
  • Besame Mucho
  • Bloco das Tubas
  • Bloco do Zeca
  • Bloco Planta na Mente
  • Cordão do Me Enterra na Quarta
  • Canários do Reino
  • Fanfarra Maldita
  • Labirintos Públicos
  • Marimbondo Não Respeita
  • Mistério Há de Pintar Por Aí
  • Mixtape
  • Não Monogamia Gostoso Demais
  • Nova Bad
  • Os Siderais
  • Oficina da Rua
  • Sambrass
  • Sinfônica Ambulante
  • Skabloco
  • Summer Eletro Bloco
  • Tumcurá
  • Vem Cá Minha Flor
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.