O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), anunciou em reunião com o Ministério da Justiça, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal que convidou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para visitar pessoalmente o estado e supervisionar as ações das forças de segurança.
O convite ocorre após a operação mais letal da história do Rio, quando 121 pessoas — entre policiais e suspeitos ligados ao tráfico — morreram nos complexos do Alemão e da Penha. Conforme relatos obtidos pela jornalista Daniela Lima, do UOL, Moraes aceitou o convite e deve estar na capital fluminense até o fim da próxima semana.
A presença direta do STF no Rio se deve ao acompanhamento judicial da Corte sobre uma ação que define limites para operações policiais nas favelas, atualmente sob a relatoria de Alexandre de Moraes. O processo visa estabelecer parâmetros rigorosos para controlar a letalidade policial e coibir abusos, tema urgente frente às recentes chacinas.
Contexto político e jurídico das operações policiais no Rio
O ministro Alexandre de Moraes acumula experiência na área de segurança pública. Ex-secretário de Segurança de São Paulo, ex-promotor do Ministério Público e ex-ministro da Justiça, Moraes conquistou maioria no STF para garantir balizas à atuação das forças estaduais no combate ao crime organizado no Rio. Agora, ele avalia se as operações recentes foram conduzidas de forma adequada ou se houve excessos.
A operação em questão resultou oficialmente em 121 mortes: quatro policiais e 117 suspeitos, além de 113 prisões, incluindo 33 pessoas de outros estados e 10 menores. Foram apreendidos 91 fuzis, 26 pistolas, um revólver e toneladas de drogas ainda em contagem. Apesar do sucesso operacional destacado por Cláudio Castro, a ação gerou controvérsia e reações graves no cenário nacional e internacional.
A operação e seus impactos sociais e críticos
Em entrevista coletiva, o governador qualificou a ação como “a mais complexa e importante da história recente do estado” e classificou como vítimas apenas os policiais mortos. No entanto, não comentou o relato de moradores que identificaram dezenas de corpos na mata do Complexo da Penha, algo ainda não incorporado às estatísticas oficiais.
O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, detalhou a chamada estratégia “Muro do Bope”: cercar os criminosos na Serra da Misericórdia e empurrá-los para áreas de mata, dificultando a fuga. Outras equipes já estavam posicionadas nas partes altas do morro para fechamento do cerco.
Essa operação suscitou ampla repercussão crítica. Organizações de direitos humanos denunciariam o elevado número de mortes e convocaram o acompanhamento internacional. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) foi acionada por entidades brasileiras para monitorar o cumprimento das decisões do STF sobre a atuação policial, em meio a preocupações sobre abusos e descumprimento das garantias constitucionais.
Implicações para segurança e direitos humanos no Rio
O episódio evidencia a tensão entre segurança pública e direitos humanos no cenário carioca. Enquanto a violência considerada “complexa” pelo governo busca frear o crime organizado, o alto índice de letalidade escancara uma crise humanitária que desafia o estado democrático de direito.
A atuação do Supremo Tribunal Federal, sob a relatoria de Alexandre de Moraes, pretendendo supervisionar diretamente essa realidade, é crucial para garantir transparência e controle dos abusos. Entretanto, essa intervenção também confronta o governo estadual, que defende a “eficácia” das operações sem reconhecer plenamente os impactos sociais e denúncias emergentes.


