Canarana, Mato Grosso, 2 de junho de 2025 – A prisão do vereador Thiago Bitencourt Ianhes Barbosa (PL-MT), médico e político alinhado ao bolsonarismo, expõe uma rede de violência que ultrapassa os limites da criminalidade individual para revelar a conivência estrutural que ainda protege predadores em cargos públicos no Brasil. Detido em flagrante no último sábado (31), em Canarana, cidade a 838 km da capital Cuiabá, o parlamentar responde por estupro de vulnerável e armazenamento de material de abuso sexual infantil, crimes que chocam pela brutalidade e pela manipulação de sua posição profissional para facilitar os abusos.
Durante as buscas realizadas pela Polícia Civil na residência e nos consultórios do vereador, foram apreendidos objetos que denunciam a extensão da depravação: roupas infantis, brinquedos sexuais e uma vasta coleção de imagens de exploração sexual de crianças. Segundo o delegado Flávio Leonardo, responsável pela investigação, parte desse material foi produzido, armazenado e compartilhado pelo próprio acusado, confirmando um padrão de atuação que ultrapassa o abuso individual para configurar uma rede de violência sistemática.
O caso escancara a falência dos mecanismos de proteção às crianças e adolescentes em estados como Mato Grosso, onde a influência política e o silêncio social ainda encobrem crimes hediondos. O vereador, que usava sua condição de médico para se aproximar e explorar vítimas vulneráveis, mantinha uma relação abusiva com uma adolescente de 15 anos, que relatou à polícia ter sido submetida a relações sexuais desde os 12 anos. Além disso, há indícios de que essa adolescente era utilizada como instrumento para abusar sexualmente de uma criança de apenas dois anos, uma revelação que desnuda a perversidade e a extensão do crime.
A prisão preventiva decretada após audiência de custódia no fim de semana é um passo necessário, porém insuficiente para enfrentar a complexidade do problema. O episódio reforça a urgência de um debate público sobre a presença de figuras alinhadas ao bolsonarismo em cargos políticos, muitos dos quais se beneficiam de um discurso de moralidade seletiva enquanto perpetuam abusos e violências.
A face oculta do bolsonarismo em Mato Grosso
Thiago Bitencourt Ianhes Barbosa não é um caso isolado. Sua prisão revela a persistência de um padrão preocupante de políticos bolsonaristas que, sob a fachada de defensores da “família tradicional”, reproduzem práticas autoritárias e predatórias. O uso da profissão médica para facilitar crimes sexuais contra menores evidencia a confluência perversa entre poder político, autoridade profissional e impunidade.
Em Mato Grosso, onde o bolsonarismo mantém forte influência, a estrutura de proteção às vítimas ainda é frágil, e a desinformação alimentada por discursos conservadores dificulta a denúncia e o combate efetivo a esses crimes. A situação exige uma resposta contundente das instituições democráticas e da sociedade civil para desmantelar essas redes de abuso.
Desafios para a justiça e a sociedade
A atuação da Polícia Civil e do Judiciário em Canarana demonstra que, apesar das dificuldades, é possível enfrentar esses crimes com rigor. No entanto, a prisão do vereador Thiago Bitencourt deve ser o ponto de partida para uma investigação aprofundada sobre possíveis cúmplices e a rede de exploração que pode estar por trás desse caso.
Além disso, é fundamental que o debate público ultrapasse a superficialidade das manchetes e se aprofunde nas causas estruturais que permitem a reprodução desses crimes: o racismo estrutural, o patriarcado, o militarismo e a desinformação política que permeiam o bolsonarismo e seus aliados.
O papel do Diário Carioca
O Diário Carioca reafirma seu compromisso com a democracia, a justiça social e os direitos humanos ao denunciar com rigor e clareza casos como este. A cobertura crítica e fundamentada é essencial para que a sociedade brasileira não se cale diante das violações mais graves contra crianças e adolescentes, especialmente quando perpetradas por agentes públicos.
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Para aprofundar o entendimento sobre os mecanismos de combate ao abuso infantil, consulte o site oficial do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos aqui
