Paris, França – 5.jun.2025 – Em uma imagem que mistura diplomacia, simbolismo e estratégia geopolítica, a Torre Eiffel foi iluminada com as cores verde e amarela nesta quinta-feira (5), em homenagem ao Brasil, durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à França. O gesto marcou não apenas o reconhecimento da liderança internacional de Lula, mas também o início de uma nova etapa nas relações entre Brasil e Europa.
Acompanhado da primeira-dama Janja da Silva, Lula foi recebido com honras pelo presidente francês Emmanuel Macron e pela primeira-dama Brigitte Macron. O encontro, realizado em Paris, reforça o papel de Lula como um dos principais interlocutores globais do Sul Global e como liderança-chave no reposicionamento do Brasil nas grandes decisões internacionais.
“Esta noite a Torre Eiffel veste as cores do Brasil”, publicou Lula na rede social X, ao lado de uma imagem ao lado de Macron e suas respectivas companheiras, tendo ao fundo o maior ícone arquitetônico da França iluminado de verde e amarelo.
Um gesto para além do turismo: cooperação estratégica
A homenagem vai além do cerimonial: simboliza o esforço francês para estreitar laços com o Brasil num momento decisivo. Nos próximos dias, Lula cumprirá uma série de agendas com foco em meio ambiente, economia verde, acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, cultura e democracia digital.
A agenda inclui reuniões com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, lideranças políticas da União Europeia e eventos com a comunidade brasileira na França. A França sinaliza seu apoio a um Brasil protagonista, após anos de isolamento durante a gestão Bolsonaro.
Pedido direto: “Abra seu coração para o acordo”
Durante o evento, Lula fez um apelo público a Macron: “Abra seu coração para o acordo entre o Mercosul e a União Europeia”. A frase, dita com o carisma característico do presidente brasileiro, carrega a pressão diplomática por um tratado que encontra resistências sobretudo entre agricultores franceses e setores ambientalistas europeus.
A cobrança foi feita no contexto da reaproximação Brasil-Europa, onde Lula tenta convencer líderes europeus de que seu governo é comprometido com a preservação da Amazônia e com padrões socioambientais rígidos — pontos sensíveis para a ratificação do tratado.
Lula na Academia Francesa: eco de Dom Pedro II
Ainda como parte da visita, Lula foi homenageado pela histórica Academia Francesa, fundada em 1635. Em quase quatro séculos, apenas 19 chefes de Estado receberam essa distinção — entre eles, apenas um brasileiro: Dom Pedro II, em 1872. O reconhecimento é simbólico e fortalece a imagem de Lula como intelectual orgânico, defensor do multilateralismo e das democracias do Sul Global.
O gesto é também uma resposta indireta ao avanço da extrema direita na Europa, que terá eleições parlamentares decisivas nos próximos dias. O governo Macron, que enfrenta desafios internos, busca alinhar-se a líderes democráticos do Sul para ampliar sua legitimidade internacional.
Janela para 2026 e liderança global
A visita de Lula à França consolida sua posição como referência diplomática global. Ao contrário de seus antecessores imediatos, o presidente brasileiro tem conseguido articular uma imagem internacional sólida — algo que será central para o G20 no Brasil em novembro e para a COP30 em Belém, em 2026.
Em um mundo multipolar e sob ameaça do avanço autoritário, Lula reforça sua narrativa de defesa da democracia, justiça social e combate à desigualdade. O uso simbólico da Torre Eiffel — iluminada como um farol tropical em pleno verão europeu — é um movimento calculado para projetar o Brasil como potência diplomática e ambiental.
O Carioca Esclarece
Por que a Torre Eiffel foi iluminada com as cores do Brasil?
Foi um gesto diplomático do governo francês para homenagear a visita de Lula e marcar a importância da parceria entre Brasil e França. É também um símbolo de reaproximação política e cultural entre os dois países.
O que está em jogo no acordo Mercosul-União Europeia?
O tratado pode abrir mercados para produtos brasileiros, mas enfrenta resistência por questões ambientais e protecionistas. Lula busca destravar o acordo com base em compromissos ambientais e em sua credibilidade internacional.
Qual o peso da homenagem da Academia Francesa?
É um reconhecimento simbólico raro e prestigioso. Coloca Lula em posição de destaque entre líderes globais e fortalece sua imagem como estadista, comparável a Dom Pedro II, último brasileiro homenageado pela instituição.
