Rio de Janeiro (RJ), 3 de junho de 2025 — A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada por crimes armados, embarca para a Itália com conhecimento prévio do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), que omitiu o plano de evasão às autoridades brasileiras.
Zambelli, que possui passaporte italiano, pretende se estabelecer inicialmente em Roma e, posteriormente, no interior do país. A escolha da Itália como destino não é aleatória; a deputada acredita que sua cidadania europeia pode dificultar um eventual pedido de extradição pelas autoridades brasileiras.
Em entrevista, Sóstenes revelou que Zambelli mencionou a ideia de deixar o Brasil há cerca de duas semanas, mas não especificou a data da viagem. “Ela comentou da ideia, sim. Falou comigo há duas semanas mais ou menos”, relatou. Apesar de ter conhecimento do plano, o líder do PL não comunicou as autoridades competentes, permitindo que a deputada condenada deixasse o país sem impedimentos.
A omissão de Sóstenes levanta questionamentos sobre a conivência de membros do PL com ações que desafiam o Estado de Direito. A fuga de Zambelli ocorre em um momento em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Supremo Tribunal Federal (STF) estudam medidas como prisão preventiva e inclusão do nome da deputada na lista de procurados da Interpol.
Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por invasão e inclusão de documentos falsos nos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Além disso, pode ser alvo de uma sentença de 5 anos e 3 meses de prisão por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal, após perseguir armada o jornalista Luan Araújo em São Paulo, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.
O caso de Zambelli exemplifica a impunidade de figuras políticas que, mesmo após condenações, conseguem escapar da justiça com o apoio ou omissão de aliados. A atitude de Sóstenes Cavalcante, ao não alertar as autoridades sobre a fuga iminente, demonstra uma preocupante tolerância com comportamentos que minam a democracia e o Estado de Direito.
A situação exige uma resposta firme das instituições brasileiras para garantir que a justiça seja efetivamente aplicada, independentemente do cargo ou influência política dos envolvidos.