Sidônio Palmeira, publicitário e chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência, criticou a forma como o governo Lula conduziu a comunicação institucional nos primeiros anos de gestão. Em entrevista publicada por Thiago Prado, na newsletter Jogo Político de O Globo, nesta quarta-feira (16), o ministro afirmou que o Planalto errou ao não expor à população a herança deixada por Jair Bolsonaro.
Segundo Sidônio, a falta de contextualização dificultou a construção da confiança popular e permitiu que narrativas da direita se mantivessem vivas. Ele afirmou que “faltou ao governo Lula comunicar a herança que encontrou”, destacando a necessidade de uma abordagem mais combativa e transparente.
Estratégia de comunicação
Para Sidônio, a ausência de uma narrativa clara sobre os impactos do governo anterior prejudicou a percepção do público sobre os avanços do atual mandato. Ele citou as áreas da educação, saúde e economia como exemplos de setores afetados.
O ministro defendeu que a verdade, mesmo que difícil, deve guiar a comunicação. Ele reforçou que “temos que disputar o passado para poder explicar o presente”.
Avanços e percepção pública
Na avaliação do ministro, a gestão atual tem entregas concretas, como a retirada de 24 milhões de pessoas da fome, o fortalecimento do programa Mais Médicos e a implementação do Pé de Meia, voltado para jovens.
Contudo, ele aponta que essas ações ainda não chegaram com clareza ao público. “Informação na ponta depende de expectativa, gestão e percepção. Elas precisam estar alinhadas”, explicou.
Fatores que impactaram a popularidade
O ministro também citou eventos recentes que afetaram a imagem do presidente:
- Acidente que afastou Lula temporariamente
- Aumento do dólar
- Inflação nos alimentos
- Disseminação da fake news sobre o Pix
No caso do Pix, Sidônio afirmou que a medida do governo era positiva, mas a falha na comunicação permitiu que a desinformação tomasse espaço.
Comunicação do presidente
Apesar de reconhecer gafes de Lula, como declarações consideradas machistas, o ministro afirmou que o presidente é o principal comunicador do governo. Ele reforçou que discursos lidos ou improvisados fazem parte da estratégia, conforme o contexto.
Sobre o uso limitado de tecnologia por parte de Lula, Sidônio respondeu que o presidente está bem informado e que ele próprio reduziria o uso de celular, se possível.
Mudanças na equipe e críticas internas
Sidônio comentou a saída de uma aliada da primeira-dama Janja do comando das redes sociais, dizendo que fez ajustes que julgou necessários. Ele também rebateu críticas sobre a comunicação governamental ser antiquada: “Pronunciamentos, rádio, TV e redes sociais têm formatos distintos e todos são válidos”.
Segurança, evangélicos e MEIs
O ministro comentou dificuldades na área da segurança pública e no diálogo com evangélicos e microempreendedores. Segundo ele:
- A PEC da Segurança já está no Congresso
- O programa Celular Seguro está em andamento
- A comunicação deve atingir todos os públicos, inclusive religiosos
- Programas como Acredito, Desenrola e o crédito consignado atendem os trabalhadores autônomos
Eleições e cenário político
Sidônio evitou comentar sobre reeleição de Lula em 2026 ou possíveis adversários da direita. Reforçou que seu foco é a gestão e que ainda é cedo para especulações eleitorais.