31 de maio de 2025, Belo Horizonte (MG) – Em mais um capítulo da disputa pelo futuro de Minas Gerais, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) acusou os ex-governadores Aécio Neves e Antonio Anastasia, ambos do PSDB, de terem conduzido o estado à ruína financeira, e disparou contra o atual governador Romeu Zema (Novo) por tentar entregar o que sobrou ao capital privado. Segundo o parlamentar, Aécio Neves quebrou o estado, e Zema agora tenta vendê-lo a preço de liquidação.
A crítica de Correia foi publicada nas redes sociais neste sábado, em tom direto: “Endividaram Minas e mataram a galinha dos ovos de ouro. Agora querem vender o que sobrou. Os neoliberais privatistas de direita quebraram Minas, os de extrema direita querem vender, e a esquerda vai salvar a economia mineira”, escreveu o deputado petista.
*Aécio quebrou Minas e Zema quer vender!*
— Rogério Correia (@RogerioCorreia_) May 31, 2025
– Em 1998 os tucanos FHC e Azeredo renegociaram a dívida de Minas com a União, com juros de agiotagem; instituíram a lei Kandir, terminando com ICMS para exportação de produtos agrícolas e mineração ; e entregaram a Vale do Rio Doce para…
Da renegociação tucana ao desmonte zemanista
O diagnóstico de Rogério Correia tem base em décadas de decisões políticas que minaram a autonomia financeira de Minas Gerais. Ele cita, entre outros pontos, a renegociação da dívida estadual com a União durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, a Lei Kandir – que desonerou de ICMS as exportações de produtos agrícolas e minerais – e a entrega da Vale do Rio Doce à iniciativa privada. A soma dessas políticas, defende o deputado, desestruturou a arrecadação e comprometeu as finanças do estado.
A herança tucana foi ainda agravada por empréstimos bilionários contratados por Aécio Neves e Antonio Anastasia, que, segundo Correia, são impagáveis e empurraram Minas Gerais para um beco sem saída fiscal. A dívida pública do estado, que já era alta, explodiu sob a gestão de Romeu Zema, saltando de R$ 100 bilhões para R$ 170 bilhões, segundo os dados citados pelo parlamentar.
“Zema quer vender Minas na bacia das almas”
No centro da nova polêmica está um projeto encaminhado por Zema à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que abre caminho para a entrega de imóveis, ativos e bens públicos à União, com vistas à quitação parcial da dívida. Na prática, trata-se de um plano de privatização disfarçada, criticado por diversos setores sociais e até por nomes do próprio campo conservador, como Aécio Neves, que recentemente acusou Zema de “colocar Minas à venda”.
A proposta vem sendo discutida na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da ALMG e, segundo Rogério Correia, representa um “leilão do patrimônio público mineiro”. O petista afirma que, ao tentar empurrar a conta para os governos do PT, Zema distorce os fatos. “É uma estratégia cínica. Foi ele quem aumentou a dívida, mesmo com repasses bilionários da União e com aumento de arrecadação graças aos preços das commodities”, afirma.
Contradições no discurso liberal de Zema
Apesar de posar como gestor técnico e eficiente, Romeu Zema é alvo de críticas por usar a cartilha do ultraliberalismo para justificar medidas de desmonte do estado. Desde que assumiu, o governador mineiro tem tentado aprovar privatizações de empresas estratégicas como a Cemig, a Copasa e a Codemig, mas enfrenta resistência popular e jurídica.
Zema tenta se vender como alternativa moderna à “velha política”, mas sua gestão revela um padrão clássico: corte de serviços públicos, submissão ao capital financeiro e transferência de responsabilidades ao governo federal. Como apontou Correia, o discurso de “ajuste” esconde um projeto claro de redução do papel do estado e de entrega do patrimônio coletivo à iniciativa privada.
O silêncio da mídia e a ofensiva bolsonarista
A guerra de narrativas em torno das finanças de Minas Gerais também escancara o papel da grande imprensa na blindagem de governos alinhados à extrema direita econômica. Enquanto os desastres de gestão do PSDB e do Novo são relativizados ou ignorados, parlamentares de esquerda como Rogério Correia têm sido sistematicamente atacados por denunciar o modelo predatório que se instaurou no estado.
A retórica de Zema dialoga com a cartilha bolsonarista: culpar o PT, desregulamentar o mercado, sufocar os serviços públicos e oferecer como solução mágica a iniciativa privada. A diferença é que, ao contrário do ex-presidente Jair Bolsonaro, Zema tem conseguido manter aparência de “bom gestor”, o que torna seu projeto ainda mais perigoso, segundo seus críticos.
Salvação pela esquerda ou repetição do desastre
Ao prometer que “a esquerda vai salvar a economia mineira”, Rogério Correia propõe um modelo alternativo de recuperação baseado em reindustrialização, fortalecimento da arrecadação estadual e revisão das políticas tributárias injustas, como a Lei Kandir. O parlamentar defende que é preciso reverter a lógica de espoliação e reconstruir a capacidade do estado de planejar e executar políticas públicas.
O embate entre modelos – o da privatização neoliberal de Zema e o da reconstrução solidária defendida por Correia – será um dos temas centrais nas eleições de 2026. Minas Gerais, mais uma vez, pode se tornar laboratório de projetos antagônicos de país. E a disputa já está em curso.