Brasília, DF – Em 3 de junho de 2025, a Procuradoria-Geral da República (PGR) requisitou a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que fugiu do Brasil rumo aos Estados Unidos e anunciou que pretende seguir para a Europa. A movimentação ocorre pouco mais de 20 dias após a condenação unânime da parlamentar pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que a sentenciou a 10 anos de prisão por sua participação na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A decisão marca um capítulo grave da impunidade tolerada por setores do bolsonarismo, que se valem da fuga internacional para escapar da Justiça brasileira.
A trajetória recente de Carla Zambelli confirma o modus operandi da extrema-direita radical no Brasil, que insiste em desafiar as instituições democráticas e a integridade do sistema jurídico. A deputada, que já tinha medidas restritivas impostas, inclusive a apreensão do passaporte em 2023, recebeu o documento de volta sem que houvesse impedimento formal para deixar o país. Em 25 de maio de 2025, cruzou a fronteira para a Argentina e, de lá, embarcou para os Estados Unidos, fugindo do cumprimento da sentença que a condena por ataques diretos à Justiça.
A condenação da Primeira Turma do STF não apenas estabeleceu a responsabilidade criminal de Zambelli na invasão dos sistemas do CNJ — episódio que escancarou a vulnerabilidade das instituições diante de ataques coordenados da extrema-direita bolsonarista —, mas também revelou uma rede de conivência e facilitação que sustenta figuras que ameaçam a democracia brasileira. O posicionamento da PGR para solicitar a prisão preventiva é um passo necessário para impedir que essas figuras sigam agindo com a sensação de impunidade proporcionada pela fuga e abrigo em território estrangeiro.
O caso da deputada paulista expõe, ainda, as dificuldades e contradições do sistema jurídico nacional diante da politização crescente das instituições e do desafio que representa a internacionalização das estratégias da extrema-direita. A viagem anunciada para a Europa, depois dos Estados Unidos, mostra a mobilidade transnacional de grupos que não respeitam fronteiras nem compromissos legais, usando a proteção de países estrangeiros para evitar a Justiça brasileira.
O episódio acende um alerta sobre a fragilidade das respostas institucionais frente a um bolsonarismo que, mesmo derrotado nas urnas, segue utilizando métodos ilegais para manter sua influência e intimidar as forças democráticas. Além disso, a situação demonstra a importância da cooperação internacional em investigações e ações judiciais contra crimes políticos que ultrapassam fronteiras, algo que ainda carece de maior atenção e articulação no Brasil.
Diante do contexto, o STF e a PGR caminham para reafirmar sua autoridade contra figuras que sistematicamente desafiam o Estado democrático de Direito. A prisão preventiva de Carla Zambelli pode ser vista como uma resposta à escalada de violência política e desrespeito às instituições, sinalizando que a Justiça brasileira busca fechar as brechas que permitiram sua fuga e garantir que a impunidade não seja o destino desses atos.
Para aprofundar a cobertura sobre a atuação da PGR e as decisões do STF no combate às ameaças bolsonaristas, confira outras matérias do Diário Carioca, que acompanham os desdobramentos desse cenário político conturbado.