Brasília, 20 de agosto de 2025 – A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quarta-feira o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por crimes relacionados à obstrução da Justiça, coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A apuração envolve a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, onde ele buscou apoio político e articulou sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Inquérito e contexto
A investigação começou em maio por ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator de casos envolvendo a rede bolsonarista. Entre os processos estão a ação penal sobre a tentativa de golpe, os inquéritos das fake news e das milícias digitais. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou indícios de que Eduardo Bolsonaro atuou junto ao governo de Donald Trump para pressionar autoridades brasileiras durante o julgamento dos atos de 8 de janeiro de 2023.
Crimes sob investigação
Segundo a PGR, as condutas apuradas podem configurar obstrução de Justiça, coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito. Com o indiciamento, cabe agora à PGR avaliar se há elementos suficientes para apresentar denúncia formal contra pai e filho.
Prisão domiciliar e restrições
O indiciamento ocorre enquanto Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto, decisão do ministro Moraes após descumprimento de medidas cautelares. Entre as restrições, está a proibição de contato com Eduardo Bolsonaro, que reside nos Estados Unidos desde março com a esposa, Heloísa. O ministro também bloqueou contas bancárias do deputado e de sua família, identificando movimentações financeiras ligadas às atividades no exterior.
Risco de cassação de mandato
O deputado Eduardo Bolsonaro permanece ausente do país, argumentando que o inquérito motivou sua estadia nos EUA. Caso suas faltas continuem, ele poderá atingir em novembro o limite que permite abertura de processo de cassação de mandato. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou possibilidade de prorrogar a contagem das faltas para o próximo ano.
Repercussão pública
Uma pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira revelou que 69% dos brasileiros consideram que Eduardo Bolsonaro atua em defesa de interesses próprios e familiares, especialmente em relação a tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, enquanto apenas 22% acreditam que ele age em defesa dos interesses do Brasil.



