Balneário Camboriú (SC), 31 de maio de 2025 — O clima político em Balneário Camboriú, Santa Catarina, ficou ainda mais tenso neste sábado com a denúncia formal feita pelo vereador Mazinho Miranda (PRD) contra Edwino Reinaldo Von Borstel Neto, marido da prefeita bolsonarista Juliana Pavan (PL). Em boletim de ocorrência registrado junto às autoridades policiais, Mazinho afirma ter recebido, via WhatsApp, uma mensagem com tom ameaçador, que ele interpreta como uma tentativa de intimidação política direta.
Ameaça explícita e intimidação indireta
A mensagem enviada por Edwino Von Borstel Neto — cuja atuação política é informal, mas extremamente influente nos bastidores da prefeitura comandada por sua esposa — dizia:
“Bom dia Zé Madalha daqui pra frente a conversa vai ser entre EU E VC Zé MEDALHA.”
A referência pejorativa a “Zé Madalha” sugere uma tentativa de desmoralizar o parlamentar, enquanto o tom pessoal e agressivo da frase é entendido por Mazinho como uma ameaça velada à sua segurança física e liberdade de expressão institucional.
“Recebo tal conteúdo com grande preocupação, não apenas por minha integridade física, mas também pelo que representa como tentativa de constranger o exercício das minhas funções parlamentares”, declarou o vereador no boletim policial.
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Violência simbólica e aparelhamento político
Não se trata apenas de uma rixa pessoal. A denúncia evidencia um padrão recorrente de assédio e intimidação por parte de figuras ligadas ao bolsonarismo local contra opositores políticos. Juliana Pavan, filiada ao PL, partido de Jair Bolsonaro, é herdeira de uma oligarquia política catarinense e já foi alvo de críticas por utilizar a máquina pública em benefício de aliados e familiares — incluindo o próprio Edwino, conhecido por circular livremente por gabinetes sem qualquer cargo formal.
A postura de Edwino, mesmo sem ocupar função oficial, insere-se numa estratégia de milicianização do poder municipal, em que figuras ligadas ao bolsonarismo atuam como intérpretes violentos da vontade institucionalizada, reprimindo críticas e tentando calar vozes dissidentes por meio da intimidação direta.
Histórico de autoritarismo velado em Santa Catarina
O caso em Balneário Camboriú soma-se a uma sequência de episódios semelhantes em municípios catarinenses onde o bolsonarismo encontrou terreno fértil para práticas autoritárias disfarçadas de gestão pública eficiente. Comum é o uso de familiares, assessores informais e redes de influência digital para perseguir adversários, atacar a imprensa local e controlar os debates públicos com ameaças e desinformação.
Santa Catarina — onde Jair Bolsonaro obteve votações esmagadoras — tornou-se um dos principais palcos do que especialistas já classificam como laboratórios de autoritarismo municipalista. Em cidades como Joinville, Itajaí, Blumenau e Balneário Camboriú, multiplicam-se relatos de pressão contra vereadores de oposição, ameaças veladas a jornalistas e perseguições políticas travestidas de auditorias ou “ações administrativas”.
Mazinho Miranda e a reação institucional
Ao formalizar a denúncia, Mazinho Miranda aposta na institucionalidade para responder ao ataque. Segundo fontes próximas ao parlamentar, ele pretende acionar o Ministério Público Estadual e a Câmara Municipal para que o episódio não seja minimizado como um “mal-entendido privado”.
“É preciso enfrentar esse tipo de comportamento que tenta transformar o debate político em campo de guerra pessoal”, afirmou uma liderança do PRD local ao Diário Carioca. “Quando o marido da prefeita ameaça um vereador por mensagem, não estamos falando de uma disputa de opiniões, mas da tentativa de silenciar por medo”, completou.
Reação do governo municipal: silêncio e cumplicidade
Procurada, a Prefeitura de Balneário Camboriú não emitiu nenhuma nota oficial até o fechamento desta reportagem. O silêncio da gestão de Juliana Pavan diante da gravidade da acusação é revelador: trata-se, mais uma vez, da tática bolsonarista da omissão cúmplice, onde o poder institucional finge não ter relação com atos de violência política cometidos por seus operadores oficiosos.
A ausência de repúdio público por parte da prefeita escancara a normalização da truculência nas relações políticas locais, incentivada pela conivência de estruturas administrativas com práticas autoritárias.
Impunidade como estratégia de poder
O caso de Mazinho Miranda não é isolado — e a falta de punições exemplares para ameaças políticas em pequenos municípios favorece a expansão desse comportamento, que se alastra pelo Brasil como um vírus institucional de autoritarismo cotidiano. Quando figuras com trânsito em prefeituras ou gabinetes utilizam a intimidação como ferramenta de controle, o que está em jogo é a própria democracia local.
Se não houver responsabilização efetiva, o recado será claro: quem ousar desafiar o poder autoritário corre riscos — e estará por sua conta.
Para além de Balneário Camboriú, o episódio acende um alerta nacional: a violência política contra vereadores, ativistas e jornalistas está se sofisticando, muitas vezes disfarçada em mensagens pessoais, mas com impactos estruturais.
Com informações do Click Camboriú