Paris, França – 7 de junho de 2025 – Em pronunciamento enfático durante sua visita à França, o presidente Lula da Silva declarou que “a extrema direita não voltará a governar o Brasil”, ao comentar os riscos democráticos que rondam as eleições de 2026. A fala ocorreu em Paris, durante entrevista à imprensa após o encerramento do Fórum Empresarial Brasil–França.
A afirmação foi uma resposta direta a uma pergunta sobre a força eleitoral da oposição no próximo pleito. Lula não hesitou:
“Estou te dizendo, olhando bem nos seus olhos: a extrema direita não ganhará as eleições no Brasil.”
O presidente usou a ocasião para alertar sobre o uso crescente de tecnologias digitais como armas políticas. Segundo ele, nem fake news, nem inteligência artificial serão capazes de manipular o eleitorado como em ciclos anteriores.
Ataque ao negacionismo e à mentira organizada
Ainda em Paris, Lula classificou o discurso da extrema direita como “negacionista, mentiroso e muitas vezes até canalha”. O tom adotado foi de alerta, principalmente sobre a capacidade desses grupos de utilizarem tecnologias digitais para impulsionar desinformação e alimentar ressentimentos.
“Sem respeitar as pessoas, os movimentos sociais, as mulheres, os negros, os indígenas, eles não vão ganhar as eleições”, declarou Lula.
O presidente tem se posicionado com frequência contra o que chama de milícias digitais e estruturas de manipulação do debate público. Ele já havia declarado que o país está sob risco real de retrocessos caso a extrema direita volte ao poder.
A guerra das redes: IA, fake news e radicalização
O uso eleitoral de inteligência artificial generativa já preocupa democracias em todo o mundo. No Brasil, a disputa de 2026 deve ser o primeiro ciclo em que a IA terá protagonismo direto na produção de conteúdos manipulados, como vídeos falsos e montagens virais.
Lula tem denunciado esse movimento como um projeto internacional coordenado por forças ultraconservadoras com apoio financeiro de think tanks estrangeiros. O presidente alertou que a “mentira automatizada” é uma das principais ameaças à soberania popular.
Haddad, São Paulo e o xadrez eleitoral de 2026
Questionado sobre a possibilidade de Fernando Haddad deixar o Ministério da Fazenda para disputar o governo de São Paulo ou uma vaga no Senado, Lula desconversou com ironia.
“Você acha que eu seria louco de responder isso agora?”, disse, sorrindo.
O presidente afirmou que só tratará de candidaturas no ano que vem. Segundo ele, será necessário um mapeamento político detalhado do país para decidir os nomes e estratégias prioritárias do campo progressista.
“Eles querem eleger senadores, governadores, deputados federais. Eu também quero. Quando chegar o momento exato, a gente vai escolher as opções.”
Unidade progressista e defesa do pacto democrático
A estratégia lulista parece mirar na unificação do campo democrático para conter o avanço do bolsonarismo e seus aliados regionais. A leitura do Planalto é que, embora derrotada em 2022, a extrema direita mantém controle sobre importantes bases parlamentares, estruturas digitais e redes de financiamento empresarial.
A fala de Lula em Paris reforça a intenção de fazer da eleição de 2026 um novo plebiscito sobre o futuro do país, colocando em confronto dois projetos antagônicos: o da reconstrução democrática com inclusão social, e o da desinformação autoritária.
O Carioca Esclarece
Por que Lula escolheu Paris para fazer essa declaração?
A capital francesa tem simbolismo histórico no debate sobre liberdade e resistência. A escolha reforça a crítica de Lula à extrema direita como uma ameaça civilizatória, além de dialogar com a tradição do Maio de 68, que influenciou sua própria formação política.
O que Lula quer dizer com “IA não vai eleger ninguém”?
Ele denuncia o uso de tecnologias como deepfakes, robôs e perfis falsos para manipular o debate eleitoral. A frase é uma forma de deslegitimar a ideia de que algoritmos substituem engajamento social real.
A fala sobre Haddad foi uma recusa ou um aceno?
Foi uma resposta ambígua, mas carregada de cálculo político. Ao não negar, Lula mantém Haddad no radar eleitoral, ao mesmo tempo em que preserva sua autoridade como gestor da economia até 2026.