Luiz Inácio Lula da Silva prepara um encontro com líderes da Câmara dos Deputados para reagir ao apoio de 146 parlamentares da base ao pedido de urgência da proposta que concede anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. A iniciativa do PL, partido de Jair Bolsonaro, surpreendeu o governo e acendeu o alerta no Palácio do Planalto.
O presidente deve reunir-se na próxima semana com o presidente da Câmara, Hugo Motta, e chefes de bancadas. O objetivo é reconstruir o alinhamento político e evitar novos desgastes no Congresso Nacional, especialmente diante de pautas que confrontam os valores defendidos pelo governo.
Adesão à anistia pressiona o Planalto
O pedido de urgência para votar o projeto da anistia recebeu 262 assinaturas. Dessas, 146 vieram de partidos considerados da base governista. O número superou os 257 votos mínimos necessários, o que deixou o governo em posição delicada diante da opinião pública e dos movimentos sociais.
A proposta favorece tanto réus quanto condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, em 2023. Portanto, o gesto de deputados governistas ao apoiar a medida criou tensão interna e levou Lula a agir para conter o desgaste.
Gleisi critica apoio de aliados ao projeto
A nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reagiu ao episódio. Em declaração firme, disse que muitos deputados não sabiam que o projeto também beneficiava os organizadores da tentativa de golpe.
“Deputado que participa do governo não pode endossar esse tipo de iniciativa, que vai contra os valores democráticos”, afirmou a ministra, ao classificar a adesão como “muito ruim”.
Encontro com líderes visa recompor base
Lula planeja repetir o formato de diálogo adotado com o Senado no início de abril. Na ocasião, ele promoveu um jantar com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, e senadores de diferentes partidos.
Agora, o foco se volta à Câmara. O presidente deve chamar nomes centrais, como o líder do PP, Professor Luizinho (RJ), que assinou o requerimento e figura entre os prováveis convidados do encontro.
Mudança na articulação política
A movimentação também acontece em meio à troca no comando da articulação do governo. A saída de Alexandre Padilha da secretaria e a entrada de Gleisi Hoffmann marcam um esforço do presidente em fortalecer o diálogo com o Congresso.
Além disso, o Planalto busca conter o avanço de projetos conservadores que ganham espaço na Câmara dos Deputados, mesmo com a presença de uma base governista numerosa.