Brasília (DF), 3 de junho de 2025 — Em tom enfático e confiante, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta terça-feira que o governo federal vive um momento de “colheita promissora” após dois anos de reconstrução institucional.
Durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, Lula apresentou três novas medidas sociais com forte impacto popular e celebrou o avanço de políticas públicas que, segundo ele, começaram a ser desenhadas ainda na transição de governo, em 2022.
“Tudo que pensamos na eleição, tudo que planejamos quando tomamos posse, tudo que discutimos na Comissão de Transição está sendo executado. Estamos fazendo uma colheita muito promissora neste país”, disse o presidente, ao lado de ministros e assessores próximos.
Avanço social e reequilíbrio econômico
Para Lula, o Brasil vive “o melhor momento dos últimos anos” no que se refere à convergência entre crescimento econômico e inclusão social. Citando indicadores de emprego, aumento real do salário mínimo e expansão de programas sociais, o presidente afirmou que há uma sinergia rara entre desenvolvimento e redistribuição de renda. “Nunca houve no país uma combinação tão eficaz entre mais emprego, mais salário, mais programas sociais e mais PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]”, afirmou.
A declaração soa como um recado direto aos setores do mercado e à oposição bolsonarista, que insistem em deslegitimar as conquistas sociais do governo com discursos alarmistas sobre inflação ou dívida pública — muitas vezes sem base empírica.
Três novas medidas para a base popular
Com foco claro nas camadas mais vulneráveis da população, o presidente anunciou a criação de três programas estruturais:
1. Subsídio nacional ao gás de cozinha:
Lula denunciou a desigualdade no preço do botijão de gás entre as regiões do país e prometeu uma política de subsídio direto ao consumidor. “Não é justo a Petrobras vender a R$ 37 e o botijão chegar a R$ 140 em estados do Norte e Nordeste. Isso é extorsão institucionalizada”, criticou o presidente.
2. Crédito popular para reforma de moradias:
Segundo o governo, será criada uma nova linha de financiamento com juros baixos voltada à reforma de habitações populares. “Tem gente que quer construir um quarto, uma garagem, uma cozinha, e não tem acesso a crédito. Isso é política pública de verdade, não discurso para inglês ver”, disse Lula.
3. Financiamento de motos para entregadores:
A proposta mais simbólica mira diretamente os trabalhadores de aplicativos, frequentemente ignorados por bancos e invisíveis nas políticas públicas. Além da linha de crédito, Lula defendeu a criação de espaços públicos com banheiros e infraestrutura básica. “É questão de dignidade. Esses trabalhadores mantiveram o Brasil de pé na pandemia”, lembrou.
Entre Paris e o IOF: dilemas fiscais e diplomáticos
Ainda nesta semana, Lula embarca para Paris, onde se reunirá com o presidente Emmanuel Macron para discutir a próxima Cúpula do Clima das Nações Unidas, evento que o Brasil deseja sediar com protagonismo geopolítico e ambiental. Antes disso, no entanto, o presidente se encontrará com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para debater alternativas à proposta de aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) — medida que enfrenta forte resistência no mercado financeiro.
O encontro pode selar uma nova estratégia fiscal mais alinhada com os compromissos sociais do governo e menos dependente de receitas regressivas. Nos bastidores, aliados de Haddad avaliam que o imposto tem pouco apelo popular e pode alimentar narrativas neoliberais de arrocho e instabilidade.
Nova fase de Lula e novo fôlego para o governo
Mais do que um balanço de gestão, a fala de Lula é um gesto político calculado. Ao destacar a execução das promessas da transição e anunciar novas medidas sociais em plena terça-feira, o presidente marca território em três frentes: responde à pressão conservadora no Congresso, reforça o vínculo com sua base popular e ensaia uma narrativa otimista para o segundo semestre.
Para um governo ainda acuado por ataques bolsonaristas e sabotagens institucionais silenciosas, a ofensiva desta terça não é apenas administrativa. É simbólica. Lula quer mostrar que ainda governa — e que o Brasil não voltará à barbárie do desmonte.