sexta-feira, junho 6, 2025
26.8 C
Rio de Janeiro
InícioPolíticaLindbergh denuncia plano golpista nos EUA
Trama internacional

Lindbergh denuncia plano golpista nos EUA

Brasília (DF), 2 de junho de 2025 – Em um novo capítulo da crise institucional que cerca o bolsonarismo, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) protocolou nesta segunda-feira um documento junto à Polícia Federal denunciando o que chamou de “estrutura estável e funcionalmente dividida” com atuação internacional voltada a sabotar o Supremo Tribunal Federal e interferir em decisões do Poder Judiciário brasileiro. Segundo o parlamentar, o núcleo central da operação estaria nos Estados Unidos e envolveria diretamente Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo Filho, Filipe Barros e o próprio Jair Bolsonaro.

Golpismo fora de casa

A denúncia de Lindbergh mira um grupo que, segundo ele, atua de forma coordenada para obstruir investigações relacionadas à tentativa de golpe de Estado em julgamento no STF. O objetivo seria manipular a opinião pública internacional e criar pressão sobre o Judiciário brasileiro, num esforço desesperado de blindar Jair Bolsonaro de responsabilização criminal.

No centro da denúncia está a atuação de Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado e figura central na articulação com a extrema-direita internacional. Ele estaria usando os EUA como base de operações, com apoio do influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo Filho — neto do ditador João Figueiredo — e do também deputado Filipe Barros (PL-PR), conhecido por sua defesa estridente do ex-presidente e por ataques sistemáticos às instituições democráticas.

Exportação do golpismo

Para Lindbergh, não se trata de ações isoladas. A denúncia sustenta que há indícios robustos de que Jair Bolsonaro financia e coordena, mesmo à distância, os movimentos que buscam minar a credibilidade do Supremo Tribunal Federal e interferir nos julgamentos em curso sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Trata-se, segundo ele, de um plano político com ramificações internacionais, pensado para influenciar o ambiente político no Brasil por meio de desinformação e intimidação institucional.

“O que vemos é a tentativa de transformar os EUA em bunker do golpismo bolsonarista”, afirmou Lindbergh. “Esse grupo, ao usar a liberdade de expressão como escudo, tenta sabotar a democracia brasileira de fora para dentro. Isso não pode passar impune.”

Interferência transnacional

A denúncia encaminhada à PF também aponta que há movimentações de bastidores para influenciar decisões de magistrados brasileiros por meio de ameaças veladas, campanhas de deslegitimação nas redes sociais e contatos com grupos extremistas estrangeiros. O documento alerta para o risco de que esse tipo de articulação configure crime transnacional, com possíveis conexões com entidades estrangeiras de extrema-direita.

Lindbergh pede que a Polícia Federal investigue com prioridade a atuação dessa célula, e defende que o Itamaraty seja acionado para que o governo dos Estados Unidos tome conhecimento oficial da denúncia. Para ele, é fundamental que autoridades brasileiras e norte-americanas cooperem para impedir que o território dos EUA continue servindo de plataforma para a sabotagem institucional no Brasil.

STF sob ataque contínuo

A ofensiva bolsonarista contra o STF não é novidade. Desde que foi derrotado nas eleições, Jair Bolsonaro tem incentivado seus aliados a desacreditar o tribunal, especialmente os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes. A diferença, agora, é o uso de estratégias mais sofisticadas de pressão internacional e a tentativa de envolver a comunidade jurídica global na narrativa da suposta perseguição ao ex-presidente.

Segundo fontes da base governista, o relatório de Lindbergh será discutido nos próximos dias em reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, e pode embasar novos pedidos de investigação pela Procuradoria-Geral da República. Há expectativa de que a denúncia reacenda o debate sobre os limites da imunidade parlamentar em ações fora do território nacional e sobre a cooperação internacional em crimes contra a ordem democrática.

O silêncio dos citados

Até o momento, Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo Filho e Filipe Barros não se manifestaram publicamente sobre a acusação. Nos bastidores, aliados próximos minimizam a denúncia e falam em “perseguição política” por parte do PT. O ex-presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, encontra-se em Orlando, na Flórida, onde tem participado de eventos com lideranças conservadoras americanas e articulado sua defesa internacional.

A escalada da extrema-direita

O episódio reforça o alerta já feito por diversos analistas políticos e especialistas em segurança democrática: a extrema-direita brasileira, ao se ver encurralada pelas investigações e derrotada nas urnas, aposta na internacionalização do conflito como último recurso. A tática espelha estratégias já vistas em países como Hungria, Polônia e, sobretudo, nos Estados Unidos de Donald Trump — ídolo confesso de Eduardo Bolsonaro.

Ao levar a denúncia à Polícia Federal, Lindbergh Farias deixa claro que o Brasil precisa agir com urgência para proteger suas instituições da corrosão orquestrada por dentro e por fora. “Estamos diante de um crime continuado contra a democracia brasileira. Não vamos normalizar isso”, conclui o parlamentar.

Relacionadas

STF sela destino de Carla Zambelli, mesmo com fuga para Itália

Deputada bolsonarista perde apoio na Corte e caminha para cassação, prisão e fim do foro privilegiado

Lula recebe título de Doutor Honoris Causa na universidade símbolo do Maio de 68

Na Paris 8, presidente brasileiro exalta a educação como instrumento de emancipação e anuncia universidade indígena

Lula acusa elite por atraso do Brasil

Em Paris, presidente critica papel das elites e diz que país naturalizou a pobreza como destino inevitável

André Mendonça vota para proibir remoção ou suspensão de perfis nas redes sociais

Ministro quer impedir redes de suspenderem perfis mesmo com indícios de robôs ou falsidade, defendendo artigo criticado por Barroso

Torre Eiffel fica verde e amarela em homenagem a Lula

Monumento símbolo da França se ilumina com verde e amarelo durante visita oficial de Lula; presidente brasileiro pressiona Macron por acordo comercial

STF leva Câmara a cortar salário de Carla Zambelli

Após deixar o país para escapar da prisão, deputada bolsonarista perde salário e verbas parlamentares por ordem de Moraes

Carla Zambelli pede licença de 120 dias na Câmara após fugir do Brasil

Condenada a 10 anos, deputada é alvo de mandado de prisão do STF e entra na lista vermelha da Interpol

Câmara mineira veta medalha Tancredo Neves a Nikolas Ferreira: ‘não deu honra aos votos que recebeu’

Após pressão popular, vereadores de São João del-Rei barram medalha e título honorário ao deputado bolsonarista

Jair Bolsonaro: “não tenho nada a ver com a Carla Zambelli”

Ex-presidente depõe à PF, nega vínculo com Zambelli e tenta blindar Eduardo em meio ao cerco judicial

Carla Zambelli desembarcou na Itália horas antes da Interpol agir

Deputada bolsonarista cruzou fronteiras e chegou à Europa antes da difusão vermelha. Moraes já havia decretado prisão preventiva.

Confira outros assuntos:

Mais Lidas

Parimatch Cassino online