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Jair Bolsonaro ficará frente à frente com Alexandre de Moraes no STF

Depoimento do ex-presidente testa resistência do Supremo e expõe bastidores da trama golpista de 2022

Brasília, Brasil – 6 de junho de 2025 – O Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara para uma semana tensa e decisiva. A partir da próxima segunda-feira (9), o ex-presidente Jair Bolsonaro enfrentará, cara a cara, o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Os interrogatórios, que reunirão réus do chamado “núcleo duro” da conspiração bolsonarista, devem ocorrer até sexta-feira (13) em sessões intensas, sob forte esquema de segurança e ampla atenção pública.

Ao lado de Bolsonaro, estarão nomes centrais da engrenagem golpista, como o tenente-coronel Mauro Cid, delator-chave, e os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto. A composição dos depoimentos, organizada por ordem alfabética, colocará aliados próximos frente a frente — inclusive aqueles que hoje se veem em lados opostos do processo.


Uma sala de tribunal redesenhada para a história

Para comportar o impacto simbólico e jurídico do que está por vir, o STF transformou a sala da Primeira Turma em uma espécie de corte do júri. Alexandre de Moraes comandará os depoimentos com o respaldo do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e com a responsabilidade de conduzir o interrogatório de Bolsonaro, acusado de liderar um complô para impedir a posse do presidente Lula e do vice Geraldo Alckmin.

Segundo as investigações, o plano incluía até o assassinato de autoridades da República, incluindo o próprio Moraes. Documentos, mensagens interceptadas e delações premiadas sustentam o enredo que agora é formalmente analisado em juízo.


Estratégia judicial: confronto e contradições

A escolha de colocar todos os réus na mesma sala tem motivação clara: garantir o direito de defesa e permitir que todos acompanhem os depoimentos uns dos outros — o que, na prática, expõe contradições, aproxima versões e abre margem para embates indiretos.

Mauro Cid abrirá os trabalhos como primeiro a depor. Seus relatos à Polícia Federal já apontaram diretamente para Bolsonaro como mentor e beneficiário do plano golpista. O ex-ajudante de ordens entregou provas documentais, registros de reuniões e descrições detalhadas de reuniões conspiratórias.

O ex-presidente será o sexto a depor, com previsão entre terça (10) e quarta-feira (11). A expectativa é de que Bolsonaro rompa o silêncio, diferentemente de outras oportunidades, tentando rebater diretamente a delação de seu ex-braço direito.


Ausência física e presença política

Todos os réus estarão presencialmente no STF, com exceção do general Braga Netto, atualmente preso no Rio de Janeiro. Seu depoimento será feito por videoconferência e projetado em um telão — uma cena carregada de simbolismo, dado seu papel como ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022.

Além de Mauro Cid e Bolsonaro, nomes como Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) e Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin) também devem responder às perguntas. Cada depoente será ouvido individualmente, com possibilidade de questionamentos por parte de Moraes, da Procuradoria-Geral da República e das respectivas defesas.

Os temas centrais que guiarão os interrogatórios incluem:

  • A veracidade das acusações da PGR;
  • O envolvimento de terceiros no plano golpista;
  • O paradeiro dos réus durante os dias críticos de transição de governo;
  • O conhecimento sobre testemunhas, reuniões e objetos apreendidos;
  • As alegações finais da defesa, caso optem por se pronunciar.

Silêncio ou confronto: dilema jurídico dos réus

Constitucionalmente, os réus podem optar por permanecer em silêncio. No entanto, a defesa de Bolsonaro avalia que o desgaste político e jurídico de se calar diante das acusações já não é mais sustentável, especialmente frente à delação de Cid e à ofensiva institucional liderada por Moraes.

O interrogatório de Bolsonaro pode se tornar um divisor de águas no processo — seja pela exposição de fragilidades na narrativa golpista, seja pelo risco de novas contradições ou revelações inesperadas.

O julgamento do “núcleo 1” ainda não tem data, mas os depoimentos desta semana deverão embasar o relatório final de Moraes e a formulação das primeiras sentenças. Fontes do Supremo indicam que o relator deseja encerrar a instrução ainda em 2025.


O Carioca Esclarece

O que está em julgamento no STF nesta semana?
O STF realiza os interrogatórios de oito réus considerados centrais na trama golpista de 2022, incluindo Jair Bolsonaro. O objetivo é colher depoimentos que ajudem a consolidar ou refutar provas já reunidas, especialmente diante da delação de Mauro Cid.

Bolsonaro é obrigado a responder às perguntas de Moraes?
Não. Como qualquer réu, Bolsonaro tem o direito de permanecer em silêncio para não se autoincriminar. Porém, há forte expectativa de que ele fale — tanto por pressão política quanto para tentar descredibilizar seu ex-ajudante.

Esses depoimentos podem mudar o rumo do processo?
Sim. Embora o STF já tenha colhido provas robustas, os interrogatórios podem fortalecer ou enfraquecer determinadas teses jurídicas, além de abrir caminho para novas diligências. Contradições, omissões ou revelações podem alterar o curso das ações penais.

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