RIO, 3 de junho de 2025 – O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou, em entrevista nos Estados Unidos, que renunciaria ao mandato para escapar de investigações no Brasil e seguir atuando contra o Supremo Tribunal Federal.
A fala expõe um movimento explícito da extrema-direita brasileira para internacionalizar o conflito institucional, com apoio de setores trumpistas.
Enquanto Jair Bolsonaro e outros 30 aliados foram tornados réus pelo STF no inquérito da tentativa de golpe, seu filho tenta minar a credibilidade da Corte e promover sanções estrangeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
Ofensiva no exterior
Eduardo Bolsonaro intensificou sua articulação com a extrema-direita americana. Em declarações à imprensa, afirmou que está “seguro” nos Estados Unidos e que “não é lambe-botas de Trump”, mas age para “levar ao conhecimento das autoridades americanas todos os fatos” sobre o STF.
Ele também sugeriu que iniciativas contra Moraes estariam avançando em Washington: “Está na Casa Branca, está no Congresso, está indo adiante”. A retórica ecoa estratégias trumpistas, mas com um agravante: a tentativa de usar governos estrangeiros para deslegitimar instituições democráticas brasileiras.
Cortina de fumaça para o golpismo
O discurso de Eduardo funciona como blindagem indireta ao pai, que se tornou réu em uma série de frentes investigativas. O STF enquadrou Jair Bolsonaro e aliados como partícipes de uma trama para sabotar as eleições e instaurar um regime autoritário. Moraes, relator do caso, também é alvo do bolsonarismo por sua atuação contra milícias digitais e desinformação.
A postura do deputado revela medo do cerco judicial e desprezo pela soberania nacional. “Se precisar renunciar ao meu mandato para me manter nos Estados Unidos, eu farei isso”, afirmou, insinuando exílio político num país com histórico de conivência com autoritarismos seletivos.
Fake news, joias e cartões falsos
Além da trama golpista, Jair Bolsonaro enfrenta outras duas denúncias graves: fraude em cartões de vacinação contra a Covid-19 e ocultação de joias recebidas por autoridades estrangeiras – bens que pertencem ao Estado brasileiro e não podem ser apropriados.
A atuação de Moraes foi decisiva para desmantelar a rede de desinformação comandada pelo clã Bolsonaro. Em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral tornou o ex-presidente inelegível por espalhar mentiras sobre o sistema eleitoral, inclusive a diplomatas estrangeiros, em pleno exercício do mandato.
Extrema-direita internacional como refúgio
A aliança entre bolsonarismo e trumpismo não é novidade, mas ganha contornos mais agressivos com as ameaças de Eduardo. Ao transformar um processo judicial legítimo em perseguição internacional, ele tenta repetir a cartilha da extrema-direita global, que descredita instituições e acusa perseguição sempre que confrontada por seus próprios atos.
Eduardo ainda se apoia na retórica de “ativismo judicial” para justificar sua ofensiva. Ignora, contudo, que a Corte está amparada por provas, inquéritos e o devido processo legal. A fuga para os EUA, sob o pretexto de proteger “interesses nacionais”, revela a real intenção: escapar da responsabilização.