Um pouso suspeito da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em Porto Alegre gerou forte reação no Congresso.
Deputados federais protocolaram requerimento pedindo que os ministérios da Defesa, das Relações Exteriores e de Portos e Aeroportos expliquem a presença de um Boeing 757 C-32B, aeronave notória por operações secretas de transporte de agentes de inteligência.
Avião usado em missões sigilosas
O C-32B “Gatekeeper” é operado pelo 150º Esquadrão de Operações Especiais da USAF e utilizado para deslocar equipes de elite do Departamento de Estado.
Diferente das aeronaves diplomáticas tradicionais, não exibe marcações externas e possui equipamentos avançados de comunicação, sensores de inteligência e autonomia para longas missões.
A aeronave chegou a Porto Alegre às 17h13 do dia 19 de agosto, após sair de Nova Jersey, com escalas em Tampa (Flórida) e San Juan (Porto Rico). Às 19h52, seguiu para o Aeroporto de Guarulhos (SP).

Pressão por transparência
O requerimento assinado por Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Túlio Gadêlha (Rede-PE) pede que o governo brasileiro detalhe a missão. Entre as perguntas:
- Quem eram os passageiros e quantos ocupavam a aeronave;
- Quais vistos foram concedidos;
- Se houve aviso prévio às autoridades brasileiras;
- Quais inspeções foram feitas pela Receita Federal, Polícia Federal e Abin.
Apesar de os EUA alegarem que o voo transportava apenas funcionários do consulado, os parlamentares questionam o risco de violação da soberania nacional.
Soberania em debate
“Considerando o histórico de uso deste tipo de aeronave em operações de inteligência, quais medidas o Itamaraty adotou para garantir que não houve violação da legislação brasileira?”, questiona o documento.
O caso levanta debate sobre a forma como o Brasil lida com missões militares estrangeiras em seu território. Para especialistas, a ausência de transparência pode indicar subordinação política diante dos EUA.



