Brasília, Brasil – 7 de junho de 2025 – A operação de bloqueio determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revelou o abismo entre a retórica e a realidade financeira da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP), atualmente foragida na Europa.
O banco Itaú informou ao STF que encontrou apenas R$ 2.118,28 em conta corrente e míseros R$ 5 em uma poupança vinculada à parlamentar. Os números contrastam de forma escandalosa com os R$ 285 mil que ela própria declarou ter arrecadado por meio de uma “vaquinha” virtual pouco antes de fugir do Brasil.
A medida judicial, que inclui o bloqueio de contas bancárias, cartões de crédito, imóveis, veículos, criptomoedas e perfis em redes sociais, visa não apenas restringir o acesso de Zambelli a recursos financeiros, mas expor a tentativa de blindagem patrimonial por parte de figuras públicas envolvidas em crimes graves.
Bloqueio revela tentativa de ocultação patrimonial
O bloqueio das contas foi oficializado na sexta-feira (6) e escancara o contraste entre os valores encontrados e os divulgados publicamente. O ministro Moraes tem reiterado em decisões anteriores que há indícios claros de esquemas de ocultação de bens, prática frequentemente adotada por agentes públicos acusados de corrupção, fraude ou crimes digitais.
A divulgação das informações, que deveriam estar sob sigilo judicial, foi registrada brevemente no próprio site do STF, onde ficaram disponíveis por cerca de dez minutos. Apesar do tempo curto, o vazamento contribuiu para ampliar o escrutínio público sobre os movimentos financeiros da parlamentar bolsonarista.
Rota da fuga: de Brasília à Europa
Após a condenação definitiva a dez anos de prisão em regime fechado, Zambelli embarcou em uma rota que passou pelos Estados Unidos antes de desembocar na Itália, onde permanece até o momento. A condenação decorre da invasão hacker ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um dos episódios mais graves de ataque às instituições democráticas desde o 8 de Janeiro.
Com a confirmação unânime da sentença pelo plenário do STF na sexta-feira, o mandado de prisão preventiva foi convertido em ordem internacional de captura, com inclusão do nome de Zambelli na lista vermelha da Interpol. O movimento transforma a fuga em um cerco diplomático e jurídico sem precedentes envolvendo uma parlamentar brasileira.
Câmara é notificada, redes são removidas
Em paralelo à perseguição penal, o STF notificou a Câmara dos Deputados para suspender imediatamente os repasses financeiros ao gabinete de Zambelli, que se licenciou do mandato e será substituída por um suplente do PL.
Na quarta-feira (4), Moraes ordenou a remoção de todos os perfis digitais de Zambelli e de seu filho, João Zambelli, de 17 anos. As plataformas incluídas na decisão abrangem Facebook, Instagram, X, TikTok e YouTube. Antes da medida, a deputada havia tentado burlar a ordem judicial ao mudar os nomes dos perfis para o da mãe, Rita Zambelli, manobra que fracassou e acabou sendo considerada agravante no processo.
A decisão ainda prevê uma multa de R$ 50 mil por postagem que reiterar conteúdos considerados criminosos, medida que reforça o entendimento do STF de que o uso das redes por parlamentares extremistas configura instrumento de desinformação deliberada e mobilização golpista.
Operação expõe uso político do asilo europeu
Zambelli tenta sustentar, junto a parlamentares de ultradireita da Itália, um discurso de perseguição política e censura, em mais uma tentativa de aplicar a cartilha do lawfare invertido – que transforma criminosos em mártires da “liberdade de expressão”.
Nos bastidores, aliados de Giorgia Meloni e eurodeputados ligados ao grupo Identidade e Democracia têm manifestado apoio à deputada brasileira, sugerindo que um pedido formal de asilo político pode estar em construção. O movimento ecoa estratégias recentes de outros investigados por crimes políticos no Brasil, como o ex-ministro Abraham Weintraub e o blogueiro Allan dos Santos, que também tentaram apoio internacional para driblar o sistema de justiça brasileiro.
A ofensiva do STF, no entanto, é respaldada por decisões firmes e unânimes da corte, o que dificulta a sustentação de qualquer narrativa de perseguição fora do espectro ideológico extremista.
O Carioca Esclarece
Zambelli realmente está sem dinheiro ou há indícios de ocultação de bens?
O valor encontrado – apenas R$ 2.123,28 – é irrisório frente à quantia declarada pela própria deputada como arrecadação via “vaquinha”. A discrepância sugere ocultação patrimonial deliberada, prática comum entre réus condenados que tentam manter acesso a recursos através de terceiros ou mecanismos digitais.
A Interpol pode obrigar a Itália a entregar Zambelli ao Brasil?
A lista vermelha da Interpol não equivale a uma ordem automática de extradição, mas facilita a detenção internacional. A Itália pode optar por colaborar com o Brasil, especialmente se não reconhecer a alegação de “perseguição política”. O histórico de cooperação entre os dois países é favorável ao Brasil.
Por que os perfis do filho dela também foram derrubados?
Segundo o STF, os perfis do filho estavam sendo usados como extensão da atividade criminosa da deputada, o que justifica a remoção. O tribunal considera que o uso de familiares para continuar divulgando ataques institucionais fere decisões judiciais e configura fraude de execução.