Ditador Donald Trump - Imagem gerada por IA

O presidente Donald Trump voltou a desafiar os limites democráticos nesta segunda-feira (25), ao declarar que “muita gente está dizendo: talvez a gente goste de um ditador”.

A frase foi usada para defender o envio da Guarda Nacional a Washington e a possibilidade de expandir a presença militar a outras cidades, como Chicago.


Ditador “aceitável”

A declaração foi feita antes da assinatura de ordens executivas que ampliam a repressão sob a justificativa de “combate ao crime”. Questionado sobre acusações de autoritarismo, Trump não negou o rótulo de ditador:

“Em vez de me aplaudirem, dizem: ‘Você está tentando tomar a república’. Essas pessoas são doentes”, atacou.

O discurso relativiza princípios democráticos e normaliza a ideia de que a ordem pode ser garantida mesmo à custa da Constituição e da liberdade civil.


Um histórico de desprezo à Constituição

Não é a primeira vez que o republicano vocaliza desprezo pela legalidade democrática. Durante a campanha de 2024, Trump chegou a falar em “terminar” trechos da Constituição que atrapalhassem seus objetivos políticos. Também se autoproclamou “ditador temporário”, em gesto que foi tratado com desdém por seus apoiadores, mas visto com alarme por analistas e instituições jurídicas.

Ao usar a retórica de que parte da população apoiaria um ditador, o presidente reforça a banalização do autoritarismo como alternativa política.


Escalada retórica e militarização

A militarização da capital e a promessa de expandi-la a outras metrópoles representam o avanço de uma lógica de governo em que a força substitui a política. O envio da Guarda Nacional é defendido pela Casa Branca como “ordem e segurança”, mas especialistas alertam que o discurso de Trump cria terreno fértil para legitimar um regime de exceção.

A naturalização dessa postura autoritária coloca os Estados Unidos em rota de colisão com sua própria tradição institucional, abrindo brecha para um modelo de governança cada vez mais próximo do que o presidente, em suas próprias palavras, chama de “ditadura”.

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Evaristo de Paula é jornalista e redator de Política no www.diariocarioca.com, atuou em vários veículos de comunicação